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Lição 4º - Chorando aos Pés do Senhor

O comentarista dessa quarta lição é o nosso professor Manasses Almeida.

P.S. Manasses Almeida já publicou um comentário anterior a esse. Se quiseres ver esse comentário, acesse:
http://ebdpereira1.blogspot.com/2010/03/licao-12-visoes-e-revelacoes-do-senhor.html 



CHORANDO AOS PÉS DO SENHOR



Texto áureo

Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza (Tiago 4.9)

Leitura em classe (Jr. 9.1-3,5-9)


INTRODUÇÃO

O profeta de coração despedaçado, assim podemos descrever Jeremias, homem de dores, no meio de um povo entregue a tudo quanto era vil, 8.6; 9.2-9, chorando dia e noite quando pensava na tremenda retribuição que estava prestes a vir, andava pelo meio deles pedindo, argumentando, persuadindo, convidando, implorando

Que abandonassem a impiedade, mas tudo em vão!

Jeremias foi contemporâneo de Sofonias, de Habacuque, de Ezequiel e de Daniel. Entre os seus escritos e os de Ezequiel há muitos pontos interessantes ou de semelhança ou de contraste. Os dois profetas trabalharam para mesma obra, e quase ao mesmo tempo. Um profetizou na palestina, e o outro na Caldéia. Mas ambos se esforçaram em persuadir os judeus a que fossem cidadãos pacíficos, esperando sempre a restauração. Ezequiel, contudo insistia muito mais em pontos rituais da religião do que Jeremias. E havia neles uma grande diferença na maneira de se exprimirem e no seu caráter pessoal. A vida de Jeremias revela que ele era homem humilde e modesto, pois contra sua vontade saiu da obscuridade e isolamento para a vida pública, sujeitando-se aos perigos que acompanhavam a missão profética. Embora pacífico por natureza, e mais inclinado a lamentar em segredo as iniqüidades do povo do que a acusar publicamente os homens perversos, ele obedeceu ao chamado de Deus, mostrando sempre ser um fiel e destemido campeão da verdade. Isaías conseguiu livrar Israel da Assíria, porém Jeremias não conseguiu livrá-los dos babilônicos, isso doeu muito no profeta e por isso lamentou, profundamente! (Jeremias 9.1)



O lamento de Jeremias


Vejamos a cronologia desde o tempo do nascimento do profeta até a destruição de Jerusalém



650 a.C. Nascimento de Jeremias (data aproximada).

648 a.C. Nascimento de Josias.

641 a.C. Acesso de Amom ao trono de Davi.

640 a.C. Acesso de Josias.

632 a.C. Josias começa sua busca de Deus (2 Cr 34.3).

628 a.C. Josias começa as reformas.

627 a.C. O chamamento de Jeremias ao ministério profético.

626 a.C. O acesso de Nabopolassar ao trono da Babilônia.

622 a.C. O livro da lei achado no templo. A observância da lei. Páscoa.

612 a.C. Queda de Nínive.

610 a.C. Harã capturada pelos babilônicos.

609 a.C Josias é assassinado. Joacaz reina por três meses. O exército assírio-egípcio abandona o cerco de Harã e se retira à Carquemis. Jeoiaquim substitui a Joacaz em Judá.

605 a.C. Os egípcios de Carquemis derrotam os babilônicos em Quramati. Os babilônicos derrotam decisivamente os egípcios de Carquemis. primeiro cativeiro de Judá. Jeoiaquim busca alianças com a Babilônia. Nabucodonosor acede ao trono da Babilônia.

601 a.C. Batalha inconclusa entre babilônicos e egípcios.

598 a.C. Morre Jeoiaquim. Cerco de Jerusalém.

597 a.C Joaquim, feito cativo após os três meses de seu reinado. Segundo cativeiro. Zedequias chega a ser rei.

588 a.C. O assédio a Jerusalém começa o 15 de janeiro. Acesso de Hofra ao trono egípcio.

586 a.C (19 de julho): os babilônicos entram em Jerusalém. (15 de agosto): Queima do templo. Morte de Gedalias. Emigração ao Egito.



Jeremias atravessou reinos, desde Manasses que reinava quando Jeremias nasceu, passando por Amom, Josias, Joacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias. Na sua grande maioria eram reis impiedosos, idólatras, que levaram a nação ao desvio moral, a prostituírem-se aos deuses, levantando assim a ira de Deus. A missão e a mensagem dos profetas foram:


1- Procurar salvar a nação de sua idolatria e impiedade

2- Falhando nisso, anunciar que a nação seria destruída.

3- Não, porém completamente destruída. Um remanescente seria salvo

4- Do meio desse remanescente viria o Salvador que restauraria o trono de Davi para sempre.


O que passava no coração de Jeremias sabendo que sua nação seria levada cativa, que o templo seria saqueado destruído! Que muitos morreriam a espada, príncipes seriam levados cativos e não só estes mas a elite, os melhores como era de costume, os pobres esses sim, ficavam na terra destruída! O que pensava Jeremias que conhecia a história do seu povo, de como Deus chamara Abraão e dele faria uma grande nação da qual viria o salvador o libertador do mundo. Como estava o coração deste homem que sabia dos feitos de Deus no Egito, tirando o povo das garras de Faraó, guiando o povo com providencias miraculosas no deserto, depois dando-lhes a terra prometida, e fez promessas grandiosas,de que se o povo não se curvasse diante de outros deuses, Deus os abençoaria ricamente, livrando-os dos inimigos dando-lhes abundância invejáveis que outras nação almejariam profundamente. No entanto acontece exatamente ao contrário o povo comete pecados horríveis, trazendo sobre si a ira divina. Jeremias sabia disso e lamenta, lamenta muito, ao ponto de dizer: “Eu queria que minha cabeça se tornasse em águas, e os meus olhos, em uma fonte de lágrimas! Então choraria dia e noite” (Jeremias 9.1)

Fazendo jus ao epíteto que lhe marcaria na história...



O PROFETA DA SOLIDÃO

“Gostaria de ter um lugar para estar no deserto, onde pudesse estar longe do meu povo”. (Jeremias9.2)

Jeremias não podia desviar os pensamentos dos horrores dos cercos que estavam por vir, o choro das crianças a morrerem de fome, as mulheres que cozinhariam seus próprios filhos como alimento (Lamentações 2.20; 4.10) nada melhor do que ausentar-se e ir a um lugar solitário e chorar amargamente pela calamidade que o próprio povo buscou!


O LAMENTO DE SAMUEL


Quando lemos o livro de Juízes percebemos a distância que o povo estava de Deus. “Naqueles dias não havia rei em Israel, cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos”

No entanto pelas eternas misericórdias de Deus quando o povo se humilhava Deus levantava Juízes para comandá-los e livrar diante das nações inimigas principalmente os Filisteus. Deus levantou a: Otoniel, Eúde ,Sangar, Débora e Baraque, Gideão,Tola, Jair, Jefté, Ibisã, Elom, Abdom, Sansão. O período dos Juízes cobriu um espaço de mais ou menos 300 anos, no período em que a nação era uma confederação de 12 tribos independentes, sem qualquer força unificadora, exceto o seu Deus. A forma de governo diz-se comumente era teocrática, isto é acreditava-se que Deus era o governante direto da nação. Após esse período Deus levanta Samuel, profeta , sacerdote e juiz ,que comandou a nação até que o povo pediram para si um rei como as outras nações(I Samuel 8.5) e isto foi como uma flecha no coração do profeta que orou ao Senhor que lhe permitiu ungir um rei, porém Deus os advertiu mostrando-lhes qual era o costume do rei:

1- Ele tomará os vossos filhos e os empregará para que vá diante de seus carros e para seus cavaleiros

2- Porá como príncipes de milhares para lavrarem suas lavouras

3- Fazer suas armas de guerra

4- Tomará suas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras.

5- Tomará o melhor de vossas terras e vinhas e olivais e dará aos seus criados

6- As vossas sementes e vinhas dizimará e dará aos seus criados e eunucos

7- Tomará vossos criados, vossos melhores jovens, e jumentos e os empregará no seu trabalho.

8- Dizimará o vosso rebanho, e vós servireis de criados.

Apenas isso! Somente, era de costume dos reis, porém o povo obstinado disse: “Não, mas sobre nós haverá um rei” ( I Samuel 8.19). Samuel lamenta profundamente a rejeição do povo ao seu próprio Deus, pois não rejeitaram a Samuel e sim a Deus! ( I Samuel 8.7). Infelizmente isso se repete através dos séculos, os homens tem rejeitado a soberania de Deus e tem dado crédito a homens pecadores e impiedosos!



O LAMENTO DE OSÉIAS


Oséias foi profeta do reino do Norte: sua mensagem dirigiu-se ao reino do Norte com referencias ocasionais a Judá. Mais ou menos nos últimos 40 anos do reino do norte foi sua época. Começou seu ministério quando Israel, sob Jeroboão II estava no auge do seu poder; (IIRS 14) Foi contemporâneo de Amós, sendo, porém mais moço; contemporâneo de Isaías e Miquéias, mas velho que este. Segundo alguns historiadores, quando criança conheceu o profeta Jonas. Os reis em cujo reinado profetizou foram: Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias, todos de Judá, e Jeroboão II, de Israel. Uns 200 anos antes da época de Oséias, dez tribos, dentre as doze, separaram-se do reino de Davi e se constituíram em reino independente tento como o bezerro de ouro como o seu deus nacional, nesse período Deus enviou os profetas Elias, Eliseu, Jonas, Amós, e agora Oséias. O ponto crucial do livro está nas palavras do Senhor;”O meu povo foi destruído porque lhes faltou conhecimento” Será isso o nosso lamento nos dias atuais?????


O LAMENTO DE PAULO


Paulo, missionário de Cristo Jesus, desde o seu encontro com Cristo a caminho de Damasco dedicou sua vida ao ministério apostólico, viajando por todo o mundo constituindo igrejas, presbíteros etc. A maior dor do apóstolo era estabelecer uma igreja, cuidar dela como uma criança recém nascida, regar ter todos os cuidados necessários e na sua ausência a igreja se dividir e se afastar do verdadeiro evangelho! Foi o que aconteceu com os crentes da Galácia, onde o apóstolo lhes chama de insensatos!

As igrejas da Galácia se constituíam em parte de judeus convertidos, e na sua maioria de gentios que tinham abraçado o cristianismo. Eles receberam logo o evangelho com prontidão e alegria, mas não muito depois da segunda visita de Paulo, alguns mestres judaizantes, provavelmente dos fariseus, visitaram as igrejas da Galácia e ensinavam que os gentios tinham que observar as leis e circuncidarem-se, a própria autoridade de Paulo foi por eles questionada e atacada, julgando-a inferior a Pedro e aos outros apóstolos. COMO É DIFÍCIL INCUTIR O VERDADEIRO EVANGELHO!



CONCLUSÃO

Como o próprio Jesus lamentou, contemplando Jerusalém, comparando sua tentativa de agasalhar a cidade como a galinha faz com seus pintinhos, Jesus lamentou por todas as tentativas de restabelecer Jerusalém, pois disse: “... quantas vezes quis eu...” foram muitas as tentativas, mas o povo não viu a sua glória, glória do unigênito filho de Deus!

Veio para o que era seu, mas, os seus não o receberam! Jesus lamentou, lamentemos nós e choremos, intercedamos pela nossa nação que está afundada na cegueira espiritual, em nossas lideranças políticas envolvidas no ocultismo, enquanto estamos em uma ascensão econômica nosso país afunda na promiscuidade, idolatria, corrupção etc..

Lamentemos! Como Jeremias, como Oséias, como Paulo e principalmente como Jesus!



Bibliografia

Manual bíblico (Henry H. Halley)

Dicionário bíblico universal (Boland)

Lição Bíblica (CPAD)

Bíblia Almeida revista e corrigida (Edição, 1995)

Novidades no blog

Amigos perdoem por ter feito a última postagem no domingo. Eu verdadeiramente não tenho tempo para fazer um blog sozinho e não é necessário fazer assim porque o blog é da Escola Dominical e não de um professor apenas. Nesse sentido, aceitando a sugestão (já antiga) do nosso vice-dirigente, organizei uma escala de comentaristas até a décima lição. Então temos:


4º lição: Manásseis Almeida


5º lição: Carlos Antônio


6º lição Aguinaldo Barbosa


7º lição: Geitjane Carvalho


8º lição: Gilvan Gomes (a confirmar)


9º Lição: Ezequiel Carvalho


10º lição: Flávio José

Espero assim fazer com que o blog aconteça mais organizadamente do que foi antes, e de que no máximo até quinta seja feito o comentário da semana. Assim que confirmar os comentaristas da décima primeira até décima terceira lição eu comunicarei no blog.

Lição 3º - Anunciando ousadamente a Palavra de Deus

Jeremias pregando palavras desafiadoras na frente do Templo de Salomão é uma das imagens mais vívidas da Bíblia. Como alguém que diz: “eis que não sei falar, porque não passo de uma criança”, poderia fazer algo tão ousado, desafiar a ordem religiosa e suas autoridades em lugar sagrado? Somente o Espírito de Deus pode fazer isso.

A mensagem de Jeremias é dura e direta, vocês estão fazendo da Casa de Deus – diz o profeta – um covil de salteadores (Jeremias 7.11). Toda essa situação lembra muito o episódio de Jesus no templo, pois Cristo usou o mesmo termo de Jeremias ao dizer: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes transformado em covil de salteadores (Marcos 11.17).

É claro que Deus não está preocupado exclusivamente com o templo, pois a estrutura física de uma igreja não precisa de salvação, mas os seres humanos precisam. O que Deus ataca durante toda a Bíblia e a história da humanidade é adoração mecânica, desprovida de sinceridade, e assim sem efeitos práticos. Uma adoração feita apenas de lábios, porém com o coração afastado.

Nesse sentido, o profeta retira o véu da falsa adoração judaica:

Que é isso? Furtais e matais, cometeis adultério e jurais falsamente, queimais incenso a Baal e andais após outros deuses que não conheceis, e depois vindes, e vos pondes diante de mim nesta casa que se chama pelo meu nome, e dizeis: Estamos salvos; sim, só para continuardes a praticar estas abominações! (Jeremias 7.9-10)

Da mesma forma que Cristo tirou a fantasia dos fariseus que achavam que freqüentar a sinagoga e praticar o ritual seria isso o que Deus desejava:

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade. (Mateus 23.23,27-28)

A pregação de Jeremias é que o templo não poderia ser considerado um talismã, um amuleto, aonde freqüentar a igreja seja suficiente para os nossos pecados serem perdoados e para morrer em nós o desejo carnal. A igreja não salva!

Que mensagem atual! Vivemos numa época em que pessoas, sem consciência do que dizem, afirmam terem mudado de vida por ter freqüentado uma igreja somente, outras convidam tão enfaticamente pessoas para sua igreja e se esquecem de pregar o evangelho, como se igreja fosse auto-suficiente para salvação. É evidente que esse fenômeno, aonde a igreja tenta se colocar a cima de Cristo, não é algo novo, que o diga Jeremias, mas com o esfacelamento das denominações evangélicas, cada denominação que nasce quer-se dizer superior a outra, enquanto várias igrejas requerem a sua autoridade por se considerarem a igreja historica.

Vivemos em um tempo de escuridão. Nem mesmo a igrejas estão a salvos da corrupção do mundo. Pessoas e pessoas que não tiveram a vida transformada se amontoam nas congregações esperando que sua fé sem obras convença Aquele que sonda os corações. Mas a ocasião de acontecer o juízo começa pela Casa de Deus: Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus? E, se é com dificuldade que o justo é salvo, onde vai comparecer o ímpio, sim, o pecador? (I Pedro 4.17-18)

Não devemos nos preocupar, portanto, com a hipocrisia de alguns que se autodenominam irmãos e conosco congregam ainda cheios de pecados e malícia, pois não convinha que fosse assim? Não nos foi dito que nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis? (II Timóteo 3.1) e o Espírito Santo expressamente disse: nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência (I Timóteo 4.1-2).

Contudo, com ordem e decência e certos da Palavra de Deus, devemos pregar ousadamente o Evangelho para que aqueles a quem mente ainda não foi destruída pelo acúmulo de pecados, possa se salvar no Dia do Juízo, dizendo “melhorai os vossos caminhos e as vossas obras para que Deus perdoe os vossos pecados". Anunciar o Evangelho genuíno não com medo, mas com coragem, porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação (II Timóteo 1.7).

Lição 2° - Os perigos do desvio espiritual

Amigos, peço desculpas a todos por ter publicado os comentários no sábado e não no meio da semana como é correto e costume do blog. Todavia posso afirmar que não tive tempo hábil para fazer isso, visto a correria a que fui submetido nessa semana na escola onde dou aula (onde tive que aplicar provas) e na universidade (onde tive que apresentar seminário). A todos os leitores o mais humilde pedido de desculpa.

Para essa lição tive novamente a honra de contar com o comentário do nosso irmão Flávio, que vocês lerão abaixo:

Deus abençoe a todos.


Quer ver outros comentários de Flávio? Acesse:

 "A Defesa da Autoridade Apostólica de Paulo"

"A Glória da Duas Alianças"




Escrito por Flávio José Pereira, professor da classe dos senhores.



Estou novamente lisonjeado por fazer este comentário que tem o titulo de Os perigos do desvio Espiritual.

Jeremias teve três períodos no seu ministério que mostram fases diferenciadas do povo de Judá.


1- No período do rei Josias ele viveu meio a uma reconciliação, ou seja, Deus aplacou o seu juízo sobre Judá, pela humilhação do seu rei (II Reis 22.18-20), que durou pouco tempo.

2- No período do rei Jeoaquim que começou a perverter novamente o povo a prostituição espiritual e a apostasia em Judá (II Reis 23.37).

3- No período do rei Zedequias vieram o juízo e cativeiro de Deus sobre Judá (II Reis 25.1-3)


Um deles foi de um avivamento e outros de decadência espiritual que levou Deus a trazer juízo sobre o povo. Na historia ouve outros episódios que levaram o povo a apostasia no êxodo com o profeta Moisés, no livro dos Juízes e reis de Israel e Judá

Como Deus não é injusto Ele avisa antes de trazer juízo sobre o povo, convocou o profeta Jeremias para proclamar a Sua indignação com a prostituição (Jeremias 2.1-2), como prega uma mensagem tão forte? Nós temos como o profeta Jeremias de ser direto e objetivo com relação à mensagem de Deus. Hoje temos a mesma missão, de levar ao mondo o juízo de Deus de ante do momento de apostasia que estamos vivendo (II Tessalonicenses 2.3, Apocalipse 3.15-16). Como hoje estamos esperando a vinda do Senhor que espero estar bem próxima, temos muitos sinais que indicam sua vinda.

O que atraía o povo para o pecado de idolatria? Tantos motivos as pessoas encontram para se afastar de Deus, nós não vemos razão para tal ação, sabemos que o homem tem uma inclinação para o pecado. Que indagação pesarosa! Se Israel lhe era a possessão peculiar, e se do Senhor recebera tantas bênçãos, por que se desviou de seu Redentor? É como hoje, as pessoas se esqueceram de clamar a Deus por todos seus problemas, seja eles de saúde ou qualquer outra coisa, sabemos que a fé é essencial para a vida cristã, sem ela não a como agradar a Deus. Esta apostasia que assola e assombra a igreja nos últimos dias esta fazendo com que o povo se afaste de Deus (Hebreus 11.6).

Zelemos pela sã doutrina. E que nada nos desvie de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em breve virá Ele buscar a sua igreja. Se não estivermos preparados, como subsistiremos nesse grande dia? Retenhamos a esperança e a confiança em Cristo Jesus!

ANIVERSÁRIO DA ESCOLA DOMINICAL EM PEREIRA CARNEIRO 1

ESCOLA ANIMADA DE PEREIRA CARNEIRO 1

DIA 11 DE ABRIL DE 2010






VENHA RECEBER DO SENHOR NESSA CASA QUE SE CHAMA PELO SEU GLORIOSO NOME

Lições Bíblicas - Jeremias, esperança em tempos de crise - Lição 1º - A Jeremias, o profeta da Esperança - parte 2

Jeremias dentro do seu contexto



Jeremias era da cidade de Anatote, uma cidade sacerdotal em Benjamim. Era filho de Hilquias que exercia o cargo de sacerdote, e como esse cargo era hereditário, Jeremias também se tornaria sacerdote. Jeremias foi comissionado por Deus para ser seu profeta no ano de 626 a.C, isto é, no décimo terceiro ano de reinado de Josias. Mas antes de continuar descrevendo a biografia do profeta vamos entender o panorama histórico nacional e internacional da época.

Josias era, portanto o rei de Judá quando Jeremias iniciou seu ministério. O bisavô de Josias foi o rei Ezequias, homem piedoso, que implantou uma série de reformas religiosas, que na verdade era uma reorganização do culto e do templo depois da situação caótica que Acaz, seu pai, havia deixado. O maligno Acaz teria matado alguns dos seus próprios filhos em sacrifício aos odiosos ídolos cananeus, além de ter destruídos alguns utensílios do templo e fechado as portas da Casa do Senhor.

Conforme tinha sido dito pelos profetas do Senhor, na metade do reino de Acaz, o reino do Norte (Israel), que tinha por rei Oséias, foi capturado pela Assíria, era o ano de 722 a.C.

Ezequias, contudo, mandou abrir e purificar o templo, restabelecendo o culto a Deus. No décimo quarto ano do seu reinado (701 a.C), Ezequias rogando ajuda ao Deus Eterno consegue afastar o rei assírio do seu território. O rei Ezequias restabeleceu ainda o culto da páscoa, convidando todos os israelitas (os que não tinham sido deportados e os judeus) para participarem. O seu reino termina com o povo quebrando as estátuas dos ídolos, derrubando os altos aonde aconteciam os sacrifícios, com o rei organizando os turnos dos sacerdotes e levitas para atuarem no templo e com o rei contribuindo da sua própria fazenda para com a obra de Deus.

Bem diferente dele foram o avô e o pai de Josias, Manassés e Amon, respectivamente. Manassés é tido como o pior rei da história da monarquia judaica. Reconstruiu os altos que Ezequias tinha derrubado, prostrou-se diante das estrelas para adorá-las, não fechou o templo, mas colocou altares aos deuses estranhos dentro dele e uma grande imagem de escultura, o rei foi amigo dos necromantes, foi agoureiro e adivinhador, além de queimar alguns dos seus filhos no fogo aos ídolos.

O desvio de Manassés foi muito pior do que qualquer outro rei que houve antes dele, mesmo Acaz não cometeu pecados tão grandes como os dele. Além disso, se atentarmos para que o reinado de Manassés como o mais longo da monarquia judaica (55 anos) entenderíamos o porquê a Bíblia diz: Manassés fez errar a Judá e os moradores de Jerusalém, de maneira que fizeram pior do que as nações que o SENHOR tinha destruído de diante dos filhos de Israel (II Crônicas 33.9). O tempo em que governou Manassés daria duas gerações ou até mesmo três, e o seu governo durou o tempo necessário para que sobre ele e Judá viesse a profecia da maldição divina que dizia:

Visto que Manassés, rei de Judá, cometeu estas abominações, fazendo pior que tudo que fizeram os amorreus antes dele, e também a Judá fez pecar com os ídolos dele, assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Eis que hei de trazer tais males sobre Jerusalém e Judá, que todo o que os ouvir, lhe tinirão ambos os ouvidos. Estenderei sobre Jerusalém o cordel de Samaria e o prumo da casa de Acabe; eliminarei Jerusalém, como quem elimina a sujeira de um prato, elimina-a e o emborca. Abandonarei o resto da minha herança, entregá-lo-ei nas mãos de seus inimigos; servirá de presa e despojo para todos os seus inimigos. Porquanto fizeram o que era mau perante mim e me provocaram à ira, desde o dia em que seus pais saíram do Egito até ao dia de hoje. (II Reis 21.11-15)

Mesmo depois, no final já da vida, quando Manassés se arrepende dos seus pecados, o estrago já estava feito, os judeus já estavam alicerçados na arte de pecar, o povo já não tinha mais conhecimento do Altíssimo, a religião já estava corrompida, os profetas profetizavam por dinheiro, os sacerdotes eram adúlteros e assassinos, tanto os pobres como os ricos desprezavam o Senhor e corriam para adorar aos outros deuses que não passam de obras feitas por mão do homem.

Em lugar de Manassés, Amon reinou em Jerusalém, sem temor do Senhor, este também se prostrou diante de falsos deuses, porém diferente de seu pai, reinou apenas dois anos, pois foi assassinado pelos seus próprios servos. Josias, seu filho, foi coroado em seu lugar.

Josias precisou reinar quando ainda tinha oito anos de idade, mas este foi um alívio para Judá, pois foi reto para com Deus, sem se desviar nem para direita nem para esquerda. Tinha apenas 16 anos quando ordenou que se purificasse toda Judá e Jerusalém, que fosse destruído ídolos e que não sobrasse nenhum profeta desses deuses falsos. Mandou também o rei que reformasse todo o templo, para isso contratou carpinteiros e edificadores.

Nesse tempo foi encontrada uma cópia do livro da Lei de Moisés (talvez todo o Pentateuco ou fragmentos de Levítico e Deuteronômio), provavelmente Manassés na sua malignidade tenha mandado queimar manuscritos da Lei, o certo é que o rei Josias mandou perguntar aos profetas de Deus o que isso significava e a profetisa Hulda (prova inconteste que as mulheres também exerciam cargos de profeta) mandou dizer ao rei que por causa do seu avô que corrompeu Judá, Jerusalém seria destruída e todos os males que o Senhor anunciara na sua Lei sobre quem  a desobedecesse se cumpriria sem mais demora, porém Deus pouparia a vida do rei Josias - pois Josias havia se humilhado e chorado os pecados dos antepassados e do seu povo  - para que ele não visse o mal que viria pelas mãos de Nabucodonosor (Nabucodonosor II).

No campo internacional Jeremias é contemporâneo do declínio e da ruína dos grandiosos impérios da Assíria (não confundir com Síria) e do Egito. Talvez no tempo do pai de Jeremias se alguém dissesse que Assíria iria cair definitivamente e na mão dos caldeus, poderia ser que alguém zombasse dizendo que isso era um completo absurdo, se bem que o império neo-assírio (como foi chamado a Assíria durante 911-609 a.C) passava por baixos e altos. Lembremos que anteriormente o rei Acabe de Israel havia conseguido expulsar os assírios na batalha de Qarqar, em 853 a.C, e Jeroboão II fortaleceu e expandiu o reino de Israel sem nenhuma interferência assíria, contudo a Assíria viria derrotar definitivamente e deportar os moradores de Israel, pressionando depois o rei Ezequias de Judá (o reino do sul), inclusive deixando-o como vassalo e ameaçando invadir Jerusalém. Com o rei Assurbanípal a Assíria havia se tornado o maior império de até então dominado o Egito, a Babilônia, a Pérsia, a Síria e Israel.

Por outro lado o Egito talvez tenha sido o império mais duradouro da Antiguidade Oriental. Porém na época de Jeremias o Egito não era mais o mesmo, estava debatendo-se, a glória do Império Novo nunca mais seria vista. Aí está o ponto: o Egito nunca mais seria grande, não seria mais independente, mas dominado pelos gregos, pelos romanos e outros povos, nunca mais o povo de Deus confiaria mais nele, buscaria no Egito proteção e socorro, como até mesmo Ezequias fez. Pois Ezequiel profetizou a respeito deles:

(...) porquanto tornarei a terra do Egito em desolação, no meio de terras desoladas; as suas cidades no meio das cidades desertas se tornarão em desolação por quarenta anos; espalharei os egípcios entre as nações e os derramarei pelas terras. Mas assim diz o SENHOR Deus: Ao cabo de quarenta anos, ajuntarei os egípcios dentre os povos para o meio dos quais foram espalhados. Restaurarei a sorte dos egípcios e os farei voltar à terra de Patros, à terra de sua origem; e serão ali um reino humilde. Tornar-se-á o mais humilde dos reinos e nunca mais se exaltará sobre as nações; porque os diminuirei, para que não dominem sobre as nações. Já não terá a confiança da casa de Israel, confiança essa que me traria à memória a iniqüidade de Israel quando se voltava a ele à procura de socorro; antes, saberão que eu sou o SENHOR Deus (Ezequiel 29.12-16).

Em contrapartida, Jeremias também é contemporâneo da ascensão dos caldeus, povo humilde, que de escravos dos assírios e sobre a capa do império babilônico se tornariam o maior império da Antiguidade Oriental, antes dos persas. Se alguém audaciosamente dissesse que era fácil para Jeremias prevê a queda dos assírios (que não era verdade, visto que os assírios conquistaram o Egito em 701 a.C e estavam passando pelo seu período mais próspero com Assurbanípal, contemporâneo de Josias) ou a queda dos egípcios (que se fossem fracos nenhum rei de Judá confiariam neles), como prever que logo os caldeus iriam conquistar esse dois reinos? Ninguém poderia prevê, porém Deus já sabia, pois disse a Habacuque: “(...) realizo em vossos dias uma obra, que vós não acreditareis, quando for contada. Pois eis que suscito os caldeus (...)” (Habacuque 1.5-6)

No apogeu do império assírio, Deus quebrou seus pés de barro, no auge: a queda. Os assírios tinham conquistado mais povos do que tinham capacidade de controlar e a maneira dura e perversa com que tratavam esses povos fez com que depois da morte de Assurbanípal, os caldeus que tinham como aliados os medos, sob a direção de Nabopalassar, um dos maiores guerreiros e estrategistas militares da Antiguidade Oriental, junto com seu brilhante filho Nabucodonosor (Nabucodonosor II, não confundir com Nabucodonosor I), destruíram Nínive, capital da Assíria, em 609 a.C, e na batalha de Carquemis, Nabucodonosor, ainda como príncipe herdeiro, derrota Faraó Neco II e vence definitivamente os assírios.

A nação judaica estava passando então, pois por dois fatores importantíssimos. No campo nacional, os judeus acreditavam que a reforma religiosa feita por Josias era suficiente para aplacar a ira de Deus. E de fato poderia ter desviado a ira de Deus contra Jerusalém se a reforma religiosa tivesse surtido efeito, mas não surtiu. Depois da morte de Josias o povo só tinha retomado ao cerimonial, o culto acontecia normalmente, porém o povo não estava sendo transformado, antes acreditavam que participar da liturgia significava ausência de pecado. Por essa razão profetizou Jeremias: Que é isso? Furtais e matais, cometeis adultério e jurais falsamente, queimais incenso a Baal e andais após outros deuses que não conheceis, e depois vindes, e vos pondes diante de mim nesta casa que se chama pelo meu nome, e dizeis: Estamos salvos; sim, só para continuardes a praticar estas abominações! Será esta casa que se chama pelo meu nome um covil de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isto, diz o Senhor (Jeremias 7.9-11)

No campo internacional Deus tinha armado o palco e convidado para cena a Babilônia, a Assíria, o Egito e Judá; julgaria a maldade dos três últimos, começando pela a Assíria que veria as poderosas muralhas de Nínive serem ultrapassadas, pois de ti, Assíria Deus deu ordem que não haja posteridade que leve o teu nome; da casa dos teus deuses exterminarei as imagens de escultura e de fundição; farei o teu sepulcro, porque és vil (Naum1.14). Do Egito Deus deu ordem dizendo: Eis que eu darei a Nabucodonosor, rei da Babilônia, a terra do Egito; ele levará a sua multidão, e tornará o seu despojo e roubará sua presa, e isto será a paga para o seu exército (Ezequiel 29.19). E de Judá dá ordem por Isaías ao rei Ezequias:

Ouve a palavra do Senhor: Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, com o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado para a Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o Senhor. Dos teus próprios filhos, que tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no palácio do rei da Babilônia (II Reis 20.16-18)

Então a tarefa de Jeremias não era uma das mais fáceis, teria que falar a um povo já completamente desviado a se entregarem nas mãos de Nabucodonosor para que se evitasse a morte pela espada, peste e fome que já estavam destinadas a Jerusalém. O templo seria igualmente destruído, pois certamente mais do que preceitos religiosos, Deus quer ver a obediência sincera do seu povo.

Jeremias não se alegrava com tudo isso, antes chorou tanto que recebeu a acunha de o “profeta chorão”, revelando-nos o caráter daquele a quem Deus chama, pois o próprio Deus não queria que Judá fosse destruída, mas que se arrependessem.

E Jeremias mostrou comprometimento. Não é fácil uma pessoa agüentar por quarenta anos chacota e humilhações de um povo corrupto que não enxergava a própria sujeira moral a que estavam acometidos. De igual modo, não é fácil sendo jovem um homem aceitar não contrair matrimônio apenas para provar a um povo obstinado que o juízo de Deus que veria pelos caldeus era grave e rápido.

Não é exagero dizer portanto que os profetas de hoje devam ser medidos por Jeremias.


Lições Bíblicas - Jeremias, esperança em tempos de crise - Lição 1º - A Jeremias, o profeta da Esperança - parte 1

Uma introdução aos estudos dos profetas do Antigo Testamento




Esta voz me disse: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então, entrou em mim o Espírito, quando falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que me falava. Ele me disse: Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel, às nações rebeldes que se insurgiram contra mim; eles e seus pais prevaricaram contra mim, até precisamente ao dia de hoje. Os filhos são de duro semblante e obstinados de coração; eu te envio a eles, e lhes dirás: Assim diz o SENHOR Deus. (Ezequiel 2.1-4)

Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. (Hebreus 1.1-2)


A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele. (Lucas 16.16)


1. Como podemos classificar os profetas do Antigo Testamento?


Pode parecer meio cartesiano, mas na hora de estudar os profetas no AT é bom aprendermos classificá-los. E como fazer isso? Podemos fazer de várias formas, como:


a) Profetas escritores e profetas oradores


Os profetas oradores foram aqueles que, embora sejam mencionados na Bíblia e tenham desempenhado um papel crucial na história hebraica, não deixaram nenhum livro escrito. Ex.: Elias e Elizeu, etc.

Por outro lado os profetas tidos como escritores, como a própria palavra diz e nos exime de maiores explicações, foram profetas que deixaram documentos escritos e estes foram incorporados canonicamente. Ex.: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Sofonias, etc.


b) Profetas maiores e profetas menores

Essa divisão obedece ao critério do tamanho do livro escrito pelo (ou a mando do) profeta. Nesse caso os livros dos profetas maiores, são Jeremias, Isaías, Ezequiel e Daniel [geralmente se inclui o livro de Lamentações, embora seja um livro curto, por ser atribuído a Jeremias, um dos profetas maiores]. Já os livros dos profetas menores são: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.


Ao total, quatro profetas maiores (Jeremias com dois livros, então cinco livros) e doze profetas menores (cada um com um livro, então doze livros).

Obs.: Repetindo: o critério é o tamanho do livro. Não confundir tamanho de livro com número de capítulos. Se cometermos esse erro, então colocaríamos Daniel, que se atribui a ele um livro de doze capítulos, dentro dos profetas menores e Oséias, que provavelmente escreveu o livro que leva seu nome com catorze capítulos, dentro dos profetas maiores. O livro de Daniel embora tenha doze é consideravelmente maior do que o de Oséias.

c) Profetas pré-exílio, profetas do exílio e profetas pós-exílio

[Antes de qualquer coisa, o exílio a que me refiro é o babilônico e não o assírio] Minha divisão preferida. Nela podemos traçar melhor um estilo literário, além de que essa divisão respeita muito o conteúdo teológico e histórico dos profetas mencionados. Podemos citar como pré-exílio todos os profetas antes de Jeremias, dando foque especial a Isaías, Joel, Miquéias, Naum Habacuque, Sofonias, Oséias, Amós e Jonas. Do exílio citaríamos Jeremias (embora ele inicie seu ministérios antes do cativeiro), Ezequiel, Daniel e Obadias (há controvérsias sobre a data em que o profeta escreveu seu livro). No pós-exílio temos: Ageu, Zacarias e Malaquias.

d) Profetas de Judá e de Israel

O critério para essa divisão é puramente geográfico. Nisso temos os que profetizaram em Judá: Jeremias, Joel, Miquéias, Naum Habacuque, Sofonias, Ezequiel e Daniel (esses últimos não profetizaram em Judá, mas aos judeus cativos), Ageu, Zacarias e Malaquias, e os que profetizaram em Israel: Oséias, Amós e Jonas.

Obs.: Existem outras formas de divisões, mas eu as omiti para não tomar tempo, usando as mais conhecidas e consequentemente as mais usadas.



2. Uma análise histórica dos profetas do Antigo Testamento



Achados arqueológicos comprovam que o fenômeno da profecia não era exclusividade dos judeus. Placas cuneiformes na Suméria mostraram que profetas e sacerdotes participavam da vida cotidiana dos primeiros povos. No Egito Antigo profetas eram geralmente consultados para prever o futuro e por meio de artes mágicas preverem o que iria suceder posteriormente. Talvez seja nesse ponto que os profetas do Antigo Testamento se distanciem dos seus contemporâneos pagãos.

A adivinhação era algo proibido já na lei mosaica, pois disse Moisés, servo do Senhor: Não comereis coisa alguma com sangue; não agourareis, nem adivinhareis (Levítico 19.26) e: Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro [...] (Deuteronômio 13.10) e qualquer que praticasse adivinhações ou consultasse algum espírito e não ao Deus vivo seria réu de morte. Não é de se estranhar, portanto, que os adivinhadores sejam tidos na Bíblia como enganadores e pessoas com demônio (cf. Jeremias 14.14 e Atos 16.16-18).

O doutor George Adam Smith comenta a diferença do profeta bíblico por pagão: “No uso comum, o nome ‘profeta’ tem degenerado para o sentido de ‘um que prediz o futuro’. É o dever de cada estudante de profecia livrar-se desse sentido. No grego, ‘profeta’ não significa ‘quem fala anteriormente’, mas ‘quem fala por, ou em lugar de outro’. E se referindo mais precisamente ao Antigo Testamento diz: “[...] Sendo participante dos conselhos de Deus, o profeta vem ser portador ou pregador da palavra divina. A predição do futuro é somente uma parte, e muitas vezes uma parte subordinada e acidental, de um ofício cujo a função era declarar o caráter e a vontade de Deus” SMITH, George Adam APUD MCNAIR, S. E. A Bíblia Explicada. Rio de Janeiro: CPAD, 1983, 4º Ed.).

Além dessa verdade que Dr. George A. Smith falou, existe outra que acredito ser também de grande importância para entendermos os profetas do Antigo Testamento: a autonomia de classe desse grupo. É evidente que falar de autonomia de um grupo é sempre complicado, pois teríamos que fazer generalização. Mas o certo é que desde o início Deus levantava homens em Israel para serem Seus porta-vozes e esses não tinham medo de anunciar suas palavras desde aos mais simples e humildes do povo até mesmo a nobres e reis. E de fato os mais conhecidos profetas de Israel profetizaram sentenças contra os poderosos da nação, como por exemplo: Isaías, Elias, Jeremias e João Batista.

Esta aí, para mim, o diferencial mais característico da profecia no Antigo Testamento: a sua não conformidade com os poderosos. Nisso há verdadeiramente uma autonomia desse grupo pessoas especialmente contra as classes dominantes, seja essa classe a nobreza, seja a classe sacerdotal, que muitas vezes dava o abalizamento da situação social (de injustiça) por meio da religião como instrumento de conformidade.

Nesse ponto temos um Amós que diz pelo Senhor: Portanto, visto que pisais o pobre e dele exigis tributo de trigo, não habitareis nas casas de pedras lavradas que tendes edificado; nem bebereis do vinho das vides desejáveis que tendes plantado. Porque sei serem muitas as vossas transgressões e graves os vossos pecados; afligis o justo, tomais suborno e rejeitais os necessitados na porta. Portanto, o que for prudente guardará, então, silêncio, porque é tempo mau. Buscai o bem e não o mal, para que vivais; e, assim, o SENHOR, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como dizeis. (Amós 5.11-14)

Por outro lado Jeremias criticou a classe dos escribas e sacerdotes e até mesmo os falsos profetas dizendo: Como, pois, dizeis: Somos sábios, e a lei do SENHOR está conosco? Pois, com efeito, a falsa pena dos escribas a converteu em mentira (Jeremias 8.8) e também: Pois estão contaminados, tanto o profeta como o sacerdote; até na minha casa achei a sua maldade, diz o SENHOR (Jeremias 23.11)

O profeta Ezequiel a respeito do rei judeu diz: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, no lugar em que habita o rei que o fez reinar, cujo juramento desprezou e cuja aliança violou, sim, junto dele, no meio da Babilônia será morto (Ezequiel 17.16).



3. Uma análise de características teológicas dos profetas do Antigo Testamento


O que os profetas pregaram depois de consolidada a monarquia hebraica?


• A Aliança Mosaica quebrada


Um dos pontos mais comuns na teologia dos profetas é de que Israel era culpado por quebrar a Aliança com Deus. Pois Jeremias fala: E entregarei os homens que transgrediram a minha aliança (...) na mão dos que procuram a sua morte (...) (Jeremias 34.18-20) e diz Malaquias: Mas vós vos tendes desviado do caminho e, por vossa instrução, tendes feito tropeçar a muitos; violastes a aliança de Levi, diz o SENHOR dos Exércitos (Malaquias 2.8)

Por essa razão os profetas do Antigo Testamento utilizam com frequência a figura do marido traído (o juramento do casamento desfeito) (cf. Ezequiel 16.8-14 e o livro do profeta Oséias) e a de um tribunal aonde o profeta (o promotor) comprova os acordos quebrados unilateralmente (Miquéias 6).



• O ensinamento moral aliado a uma prática sincera da religião

O texto anteriormente citado de Jeremias é sintomático (Jeremias 34). Nele vemos o rei Zedequias voltando atrás em decreto seu que apregoava a liberdade aos escravos judeus. O que parece ser uma discussão travada apenas no campo social ou, mais profundamente, moral, é antes de tudo uma questão religiosa. Um erro muito comum de que estuda profecia no Antigo Testamento é entender o fenômeno profético que antecede o exílio assírio e o babilônico como apenas de cunho social, quando, ao contrário, a questão é necessariamente teológica.

Segundo a Lei (Deuteronômio 15.12-18) o judeu que por dívida se vendesse ao seu conterrâneo, este o aceitaria com a condição de libertá-lo em no máximo depois de seis anos completos de trabalho, sendo que esse escravo teria seus direitos, não poderia ser maltratado e seria considerado não como objeto mais como pessoa. A lei de Moisés era, portanto a lei mais avançada e humana da época em relação à escravidão. Todavia os judeus contemporâneos de Jeremias estavam escravizando os seus irmãos e não lhe davam forro depois do tempo estipulado na Lei. Então o problema era social ou religioso?

Muitos dizem que a Igreja não deve se deixar influenciar por questões puramente sociais, antes devem buscar o “Reino dos Céus”, contudo cabe a pergunta: como posso agradar a Deus se eu permito que meu irmão passe fome na minha presença, como se pode servir a um Deus bondoso e justo e ao mesmo tempo não me indignar com as injustiças sociais do nosso país?

A busca pela justiça social passa impreterivelmente pela prática sincera da religião cristã.



• A luta pela verdadeira fé


Os profetas do Antigo Testamento nunca tiveram tarefas fáceis. Além de profetizar para quem não queria ouvir, tinham que tratar com farsantes que se diziam iguais a eles, mas que não tinham nada de Deus. Desde Elias que enfrentou os profetas de Baal até Jeremias que teve de encarar um Ananias sedento pela glória mundana. O profeta tem o dever de levar os seus ouvintes a obediência a Deus e a não se conformarem com o mundo.

 
• Todos os profetas genuinamente de Deus nos guiaram a Cristo


Temos a impressão que apenas Isaías foi o profeta messiânico, mas o próprio Cristo disse que os profetas do Antigo Testamento testificaram a respeito dele (cf. Lucas 24.27). Para termos uma ideia o Novo Testamento faz mais de 600 citações diretas ou indiretas do Antigo Testamento. Portanto temos uma lição muito importante não a profeta que negue Jesus, pois o apóstolo João falou: Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo (1 João 4.2-3)

Nesse caso a Lei e os profetas foram até Jesus Cristo, e não temos mais profetas que possam acrescentar nada a revelação de Jesus que foi nos dada pelos profetas e apóstolos bíblicos, pois assim Paulo falou: se alguém anunciar outro evangelho, mesmo sendo o anjo, tal pessoa seja anátema (Gálatas 1.8), isto é, maldito.



Hoje Deus ainda deseja falar com os homens, não para projetos financeiros de venda, lucro e ganho puramente materiais dos dons espirituais dentro da casa de Deus, pois de lá Cristo expulsou os cambistas e vendedores dizendo “o zelo da tua casa me consumirá” (João 2.13-17), mas para pregoar em seu nome o ano aceitável do Senhor, as boas-novas e a cura aos quebrantados de coração e a libertação dos cativos e dos algemados espirituais, assim como o dia da vingança do nosso Deus (Isaías 61.1-3)

Sobre a escolha por Jeremias como tema


Como definiríamos a nossa geração? Talvez possamos afirmar que é uma geração extremamente religiosa, mas que poucos servem ao Deus verdadeiro com espírito e verdade, uma geração que prefere um culto “moderno” e falsamente avivado, porém poucos prestam a Deus um culto racional, é ainda uma geração orgulhosa do seu avanço tecnológico e científico e que se gaba das suas riquezas e prosperidade, no entanto moralmente é decaída, por último, uma geração que possui falsas esperanças e procura em vão uma segurança que não a protegerá do dia da Ira Vindoura que está para cair sobre toda Terra, por isso mesmo, desprezam a santa advertência de Deus que quer ninguém se perca, mas que todos sejam salvos.

O curioso é que essa descrição se encaixa perfeitamente com a geração a que profetizou Jeremias, uns quase 600 anos antes de Cristo. É preciso então tentar explicar mais o quanto foi acertado a escolha desse tema para revista do segundo semestre? Eu mesmo sou suspeito em falar porque amo de coração o livro de Jeremias. E de antemão já vou confessando a vocês que desde que eu soube que o novo tema das Lições Bíblicas para esses três meses foi Jeremias, isso não saiu mais da minha cabeça, fiquei ansioso para dar aula em cima desse tema. Mas por que Jeremias me chama tanto a atenção?

Jeremias profetiza contra a falsa esperança de Judá, contra os curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz (Jeremias 6.14). Jeremias tem a preocupação de alerta ao povo judeu que ao menos que eles reneguem os seus pecados e se humilhem aos pés do verdadeiro Deus não haverá salvação, espera-se a paz, e nada há de bom; o tempo da cura, e eis o terror (Jeremias 8.15).

Jeremias me agrada muito porque ele lança um diagnóstico preciso da situação espiritual dos judeus não colocando a culpa simplesmente nos líderes políticos e nos incultos, ou seja, naqueles que poderiam se escusar alegando, ainda que sem razão, que não conheciam com precisão as leis religiosas, ao contrário, a culpa recaí com freqüência aos escribas: Como, pois, dizeis: Somos sábios, e a lei do SENHOR está conosco? Pois, com efeito, a falsa pena dos escribas a converteu em mentira (Jeremias 8.8), aos profetas e aos sacerdotes [Jeremias era de família sacerdotal]: (...) cada um se dá à ganância, e tanto o profeta como o sacerdote usam de falsidade (Jeremias 8.10).

A profecia falsa está no centro do problema espiritual de que passava os judeus contemporâneos de Jeremias:

Portanto, eis que eu sou contra esses profetas, diz o SENHOR, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu companheiro. Eis que eu sou contra esses profetas, diz o SENHOR, que pregam a sua própria palavra e afirmam: Ele disse. Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o SENHOR, e os contam, e com as suas mentiras e leviandades fazem errar o meu povo; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e também proveito nenhum trouxeram a este povo, diz o SENHOR.

E hoje não é diferente: Não havendo profecia, o povo se corrompe (...) (Provérbios 29.18)

É claro que fazer uma lição em cima de um livro do Antigo Testamento é sempre algo complexo. Existe em primeiro lugar uma dificuldade de se trabalhar com História Antiga Oriental, visto que mesmo num círculo acadêmico, como numa graduação de História, há poucos especialistas nesse período, principalmente dentro do contexto semita, não é de se estranhar, por exemplo, que as escolas do Rio de Janeiro, conforme tomei conhecimento, não trabalham mais com História Antiga. Ainda por cima, não temos um número de livros de teologia ou de história ou de estudos mesmo do Antigo Testamento comparável com aqueles que tratam sobre o Novo Testamento, embora isso esteja se transformando nos últimos anos.

Por isso que a atitude de se fazer uma lição com base em um tema no Antigo Testamento seja bastante elogiável. E representa, se analisarmos bem, uma tendência no campo das publicações teológicas, isto é, no campo editorial cristão, que repercute por sua vez nas Lições Bíblicas, que desde 2009 tem dado um espaço igual entre publicações com temas em cima do Novo Testamento e do Antigo Testamento, pois das últimas seis Lições, três delas trouxeram temas dentro do Antigo Testamento: Josué (I trimestre/2009), Davi (IV trimestre/2009) e Jeremias (II trimestre/2010).

Talvez ainda tenhamos certa desconfiança em tratar assuntos do Antigo Testamento, provavelmente por acharmos aquilo muito distante de nós, seja cronologicamente, seja culturalmente, e receio de como tratar metodologicamente uma teologia tão vasta e inexplorada como é a teologia do Antigo Testamento. Verdadeiramente não é fácil. Contudo acredito que se verdadeiramente tivermos o compromisso de estudar e buscar o Senhor, as portas da Sua Palavra sempre estarão abertas.

Seria bom se olhássemos e comparássemos os profetas antigos com os ditos profetas modernos, a nossa sociedade com a sociedade de Jeremias, se analisássemos o nosso comportamento, para podermos comparar com a dos santos homens do passado, então veríamos que a Palavra do Senhor é sempre nova, e mais penetrante do que a espada de dois de gumes e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. E por mais que essa Santa Palavra revele nossos pecados e a impossibilidade da auto-salvação, cremos que ainda resta a esperança em Deus, se mantivermos firme a nossa confiança em Cristo, pois fiel foi quem nos chamou das trevas para Sua maravilhosa luz.