ESTE COMENTÁRIO FOI ESCRITO PELO IRMÃO FLÁVIO JOSÉ PROFESSOR DA CLASSE DOS SENHORES
INTRODUÇÃO
O livro de Joel é uma das gemas literárias do Antigo Testamento. É edificado
com cuidado e o efeito dramático e pelo livro inteiro, há belezas que brilham intensamente e até deslumbram a imaginação. Tem chamado atenção para o fato "Se existe na Bíblia um livro que é uma obra prima de arte literária, é o livro de
Joel. Há outros profetas que escreveram com maior paixão e maior poder, que se elevam as mais sublimes altitudes da revelação divina;
mas dificilmente há um escritor do Antigo Testamento que
tenha
demonstrado empenho
mais cuidadoso, detalhado e primoroso para dar polimento, remate e beleza à sua obra literária".
"O
estilo
de Joel é preeminentemente
puro. Caracteriza-se pela
fluência e regularidade
nos ritmos, nas
sentenças completas
e
na
simetria dos
paralelismos. Com o poder de Miquéias ele combina a ternura de Jeremias, a vivacidade
de Naum e a sublimidade de Isaías".
A MENSAGEM
Joel
apareceu em Jerusalém para declarar que aquela invasão de gafanhotos era um quadro de uma visita de
Deus, em ira e julgamento.
Ele apelava em prol
de um
ato de arrependimento nacional, uma festa solene (2.12), e exortava os
líderes religiosos
a mostrar bom exemplo (2.15-17).
Então profetizou o retorno do favor de Deus
e
da prosperidade
da terra (2.18-20), bem
como a remoção de seus inimigos (2.21-27). Depois disso, de um modo que
não tem significação fora da inspiração divina, ele passou a descrever o derramamento do Espírito Santo
que se
seguiria (2.28-32). No
dia
de Pentecoste, o veredicto de Pedro foi: "isto é o que foi dito pelo profeta Joel"
(At 2.16). Adiante, Joel é levado
a profetizar sobre a destruição final de todos os
inimigos de Deus e de Seu
povo (3.1-21).
Há
dimensões tanto presentes quanto futuras em todas as aplicações
de Joel no Novo Testamento.
Os dons
do Espírito
que começaram a
fluir através do povo
de Deus, no Pentecostes, ainda se acham à disposição dos crentes (1Co12.1—14.40). Além disso, os versículos que precedem a profecia a respeito do Espírito
Santo (isto
é,
a
analogia da
colheita com
as
chuvas
temporãs
e
serôdias, Jl 2.23-27) e os versículos que se seguem (isto é, os sinais que se
darão nos céus no final dos tempos, Jl 2.30-32) indicam que a profecia sobre o derramamento do Espírito Santo (Jl 2.28,29) inclui não somente a chuva inicial no Pentecostes, como também um derramamento final e culminante sobre toda a raça humana no final dos tempos.
Tanto Pedro
quanto
Paulo usaram
esse
texto
como
uma
profecia da dispensação
cristã
(At
2.16-21; Rm 10.13). Pedro usou-o
para confirmar a validade do dom de línguas
no
Pentecoste; Paulo
usou-o para
confirmar a validade da oferta de salvação pela fé a todo o mundo. Nenhum deles afirmou que a profecia tinha sido
totalmente
"cumprida"
no
Pentecoste,
mas
que o derramamento do Espírito fazia parte dela. A primeira parte foi evidentemente cumprida no Pentecoste,
isto é, o Espírito Santo foi derramado
para a
proclamação
mundial da salvação simplesmente pela invocação do nome do Senhor. A última parte, referente aos sinais divinos de
perturbações
físicas no sol, lua
e céu, não ocorreu
naquela ocasião,
mas acontecerá um
pouco antes do
"grande
dia da sua ira" (Ap 6.12-17).
É claro
que Pedro citou integralmente a profecia no Pentecoste a fim de incluir a oferta universal de salvação
no final (Jl 2.32). Tal como
a
profecia
da vinda do
Messias em Isaías 9.6-7, essa profecia da obra de graça do Espírito Santo e da obra do
terrível julgamento tem
duas fases, largamente
distanciadas
.
PROMESSA DE PROSPERIDADE MATERIAL DEVIDA AO ARREPENDIMENTO
Joel dá uma ênfase
especial aos benefícios físicos
e
materiais advindos do arrependimento e obediência. Tal arrependimento, disse ele, removeria as pragas dos gafanhotos e da estiagem e restauraria as bênçãos da chuva, boas colheitas e proteção
contra os inimigos (2.19-20). Essas promessas foram para Israel,
não necessariamente para a Igreja do Novo Testamento. Os judeus achavam-se sob a aliança do Senhor e aqueles benefícios
lhes tinham sido prometidos como frutos da obediência (Lv 26.14-20; Dt 11.13-17).
O
objetivo
do Senhor nessa promessa
a
Israel
era
demonstrar sua soberania sobre toda a natureza como um testemunho tanto para Israel como para as nações. Nenhuma aliança de "benefícios materiais" foi estabelecida com a igreja. Tendo
demonstrado cabalmente sua soberania em épocas
anteriores.
. CRISTOLOGIA EM JOEL
Joel,
o
"profeta do Espírito Santo", não faz muitas
referências
diretas ao Messias. Em muitas declarações do Senhor como "Jeová" (YHWH), entretanto, ele fala como o Messias que virá libertar e governar o seu povo na era
messiânica: "Sabereis que estou no meio de Israel" (2.27), "derramarei o meu Espírito sobre toda a carne" (2.28), "congregarei todas as nações (...) entrarei em juízo contra elas" (3.2), "Levantem-se as nações, e sigam para o vale
de Josafá; porque ali me assentarei, para julgar"
(3.12) e "Eu
expiarei o sangue dos que não foram expiados"
(3.21; comparar com Jo 5.22). Apesar de
indiretas, essas referências podem ser consideradas messiânicas através
das lentes dos textos
posteriores.
CONCLUSÃO
O aspecto social no qual nasce o livro pode nos auxiliar a tirar uma mensagem para hoje. Israel é dominado pelos persas. É tempo de crise; a vida dos hebreus está ameaçada. Porém a mensagem do profeta é clara: Deus pode transformar, com a colobaração dos fiéis, a crise em vitória definitiva. A linguagem apocalíptica não pode interferir na nossa compreensão do texto. Lembre sempre que quando, na Bíblia, lê algo que fala dos “últimos tempos”, do “fim do mundo” você está lendo uma mensagem de esperança. O “fim do mundo” na bíblia, na linguagem apocalíptica, não é catástrofe, mas é finalidade, ponto de chegada, meta. E o sonho de Deus é a salvação de todos, que exige, porém, participação ativa de cada um.
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