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Lição 9ª - Esperando contra a Esperança

Um homem corta para si cedros, toma um cipreste ou um carvalho, fazendo escolha entre as árvores do bosque; planta um pinheiro, e a chuva o faz crescer.
Tais árvores servem ao homem para queimar; com parte de sua madeira se aquenta e coze o pão; e também faz um deus e se prostra diante dele, esculpe uma imagem e se ajoelha diante dela.
Metade queima no fogo e com ela coze a carne para comer; assa-a e farta-se; também se aquenta e diz: Ah! Já me aquento, contemplo a luz
Então, do resto faz um deus, uma imagem de escultura; ajoelha-se diante dela, prostra-se e lhe dirige a sua oração, dizendo: Livra-me, porque tu és o meu deus. Nada sabem, nem entendem; porque se lhes grudaram os olhos, para que não vejam, e o seu coração já não pode entender.
Nenhum deles cai em si, já não há conhecimento nem compreensão para dizer: Metade queimei e cozi pão sobre as suas brasas, assei sobre elas carne e a comi; e faria eu do resto uma abominação? Ajoelhar-me-ia eu diante de um pedaço de árvore?
Tal homem se apascenta de cinza; o seu coração enganado o iludiu, de maneira que não pode livrar a sua alma, nem dizer: Não é mentira aquilo em que confio?
Lembra-te destas coisas, ó Jacó, ó Israel, porquanto és meu servo! Eu te formei, tu és meu servo, ó Israel; não me esquecerei de ti.
Desfaço as tuas transgressões como a névoa e os teus pecados, como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi. Regozijai-vos, ó céus, porque o SENHOR fez isto; exultai, vós, ó profundezas da terra; retumbai com júbilo, vós, montes, vós, bosques e todas as suas árvores, porque o SENHOR remiu a Jacó e se glorificou em Israel.
Assim diz o SENHOR, que te redime, o mesmo que te formou desde o ventre materno: Eu sou o SENHOR, que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus e sozinho espraiei a terra; que desfaço os sinais dos profetizadores de mentiras e enlouqueço os adivinhos; que faço tornar atrás os sábios, cujo saber converto em loucuras; que confirmo a palavra do meu servo e cumpro o conselho dos meus mensageiros; que digo de Jerusalém: Ela será habitada; e das cidades de Judá: Elas serão edificadas; e quanto às suas ruínas: Eu as levantarei; que digo à profundeza das águas: Seca-te, e eu secarei os teus rios; que digo de Ciro: Ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz; que digo também de Jerusalém: Será edificada; e do templo: Será fundado (Isaías 44.14-28).

Não seria exagero apontar que um dos resumos que se pode fazer da Bíblia seria esse: a verdadeira esperança (o Evangelho) que liberta contra as falsas esperanças de que se apega boa parte da humanidade sem proveito.

A Bíblia nunca nos enganou sobre as conseqüências do pecado e do afastamento do ser humano em relação a Deus, que gera claramente a desesperança.

O profeta Jeremias está mostrando realmente isso no seu livro. O povo de Judá estava desviado de Deus e por isso em breve receberia a recompensa pelos seus atos.

Não que Deus seja um tirânico sádico que nos fere sempre que não atendermos aos seus caprichos. Mas o salmista diz assim: Não fosse a tua lei ter sido o meu prazer, há muito já teria eu perecido na minha angústia. Nunca me esquecerei dos teus preceitos, visto que por eles me tens dado vida (Salmo 119.92-93).

Contudo os ímpios se esquecem de Deus, porém buscam alegria e segurança. Mas maldito seja aquele que não confia no Senhor. Tal será como o arbusto solitário no deserto e não verá quando vier o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.

Todavia, a humanidade pergunta sobre o caminho – para onde iremos?”- no entanto, não desejam ir a Cristo, perguntam, mas na querem ouvir nem saber da salvação oferecida por Deus. Nesse instante se ouve uma voz, dizendo: os que são para morte, irão para morte; o que são para espada, para espada (violência); os que são para fome, para fome; o que é para cativeiro, cativeiro (opressão, seja social, seja espiritual). Então o que temos? Morte, violência, injustiça social, e toda sorte de crises na alma. E o que se tornou a humanidade, senão um espetáculo horrendo?

Alguns filósofos perceberam essa realidade e agiram dando-nos conclusões sinceras das suas angústias [ou desesperanças]. Dois deles são muito famosos pela negação da interferência divina na humanidade: Epicuro (342 – 271 a.C) e Jean P. Sartre (1905 – 1980).

Para um mundo sem Deus, Epicuro ofereceu a saída no hedonismo, o prazer seria o objetivo da humanidade, visto que é somente o prazer que nos pode livrar da dor. Já Sartre (foto ao lado) apela para o existencialismo que seria a conseqüência do mundo sem Deus e do homem sem uma essência pré-definda pelo Criador. Porém, embora o hedonismo e existencialismo pareçam está em moda, o que vemos é o homem realmente atormentando, ora pelo resultado do prazer vazio, ora porque o homem nunca se sente livre, pois sente falta de uma essência, de repostas, sente-se só.


Salomão, que ao que parece usou as duas filosofias, chegou as seguintes conclusões:

Sobre o hedonismo:

Tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas. Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol (Eclesiastes 2. 10-11).

Sobre o existencialismo:

Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. No entanto, vi também que isto vem da mão de Deus, pois, separado deste, quem pode comer ou quem pode alegrar-se? (Eclesiastes 2.24-25)

Porém, mesmo dentro desse “contra-esperança”, Deus carinhosamente, contudo extremamente sério, diz: Lembra-te dessas coisas, ó Jacó, ó Israel.

Devemos lembrar que não conseguiremos encontrar a esperança sem o Deus Verdadeiro. Todas as tentativas de se encontrar esperança fora de Cristo fracassaram. Seja nos deuses pagãos, seja na ciência, seja no próprio homem, nenhum deles se mostrou apto a conceder-nos paz, esperança e segurança.

Todas essas esperanças se mostraram falhas em si mesmas. Os deuses nada fizeram por seus crentes, por isso, nada foi feito para eles pelos seus adoradores. Quantas pessoas morreram espontaneamente no Coliseu ou no esquadrão de fuzilamento por Zeus, Baal ou Afrodite?

A ciência não modificou (na ética ou moralmente) nenhum ser humano para melhor. Como bem observou o sociólogo inglês Antonny Giddens (foto em baixo, do lado da citação):

“A ciência perdeu boa parte da aura de autoridade que um dia possuiu. De certa forma, isso provavelmente é resultado da desilusão com os benefícios que, associados à tecnologia, ela alega ter trazido para a humanidade. Duas guerras mundiais, a invenção de armas de guerra terrivelmente destrutivas, a crise ecológica global e outros desenvolvimentos do presente século poderiam esfriar o ardor até dos mais otimistas defensores do progresso por meio da investigação científica desenfreada”



No entanto, ao que parece, a maior causa do sofrimento humano está nele mesmo. Todo sofrimento humano consiste na terrível constatação da degradação de sua própria espécie. O ser humano consegue ser ainda pior do qualquer outra espécie de animal, pois, uma vez dotado de inteligência e razão – algo que nenhum animal possui – as usa para fins malignos.

A infelicidade chega-nos por meio da decepção com outros e por sua vez com nós mesmos. Toda culpa que se coloca em cima da fé e da ciência é injustificada se não for atribuída à culpa a nossa própria vontade. A vontade humana e o apego a si mesmo resultam em muitas dores. A procura da felicidade dentro de si mostrou-se uma mentira cruel e um caminho para o abismo em toda a história da humanidade.

Não dependemos de nenhum fator humano para ser feliz. A dependência afetiva de uma pessoa para com outra é bastante perigosa. E para termos certeza disso não precisamos escutar a psicanálise, é só ouvirmos os nossos próprios corações. Schopenhauer (1788 - 1860) (foto em baixo, do lado da citação), bem antes de Freud (1856 - 1939) já dizia nesses termos:

“Pois, dos outros, do exterior em geral, não se pode, em nenhum caso, esperar muito. O que alguém pode ser para outrem tem limites bastante estreitos: no final, cada um permanece só, e então trata-se de saber quem está só. Conseqüentemente, vale aqui também o que Goethe expressou de modo geral (Dicht. U. Wahrh. [Poesia e verdade], v. III, p. 474), a saber, que em todas as coisas cada um está entregue, em ultima estância, a si mesmo.”



É claro que Schopenhauer falou essas palavras, no seu livro Aforismo para a sabedoria de vida, que está inserido dentro de Parerga e Paralipomena, no sentido mais secular do que está sendo falando, entretanto o sentido mais puro é verdadeiro: o ser humano é inconfiável e quem nos outros deposita a sua fé e esperança pode ser terrivelmente dececpcionado.

Mas por que podemos confiar na esperança que vem de Deus?


1. Deus é onipotente


 Podemos confiar em Deus porque Ele tem todo o poder para executar Sua vontade. Esta aí a grande diferença entre confiar na carne mortal e confiar no Deus imortal. Será que nunca entenderemos que enganoso é o coração do homem e desesperadamente corrupto (Jeremias 17.9)? Judá errou tanto por confiar naqueles que teriam nenhuma serventia. Quão presente nos é as palavras do profeta Isaías que diz a cerca da falsa esperança de Judá no poderio militar do Egito:



Ai dos filhos rebeldes, diz o SENHOR, que executam planos que não procedem de mim e fazem aliança sem a minha aprovação, para acrescentarem pecado sobre pecado! Que descem ao Egito sem me consultar, buscando refúgio em Faraó e abrigo, à sombra do Egito! Mas o refúgio de Faraó se vos tornará em vergonha, e o abrigo na sombra do Egito, em confusão.
Todos se envergonharão de um povo que de nada lhes valerá, não servirá nem de ajuda nem de proveito, porém de vergonha e de opróbrio. Pois, quanto ao Egito, vão e inútil é o seu auxílio; por isso, lhe chamei Gabarola que nada faz (Isaías 30.1-3,5,7).

Não seria mais simples confiar no Senhor, que envergonhou os egípcios e humilhou a Faraó e seus falsos deuses? Pois o que são egípcios senão humanos e de que são constituídos, não é de carne? E de qual batalha o Senhor saiu envergonhado?


Porque assim diz o SENHOR Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranqüilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes. Antes, dizeis: Não, sobre cavalos fugiremos; portanto, fugireis; e: Sobre cavalos ligeiros cavalgaremos; sim, ligeiros serão os vossos perseguidores (Isaías 30. 15-16).

O Senhor grande. Podemos confiar nEle, pois ele sempre faz o que lhe apraz e que lhe dirá: o que fazes? Deus é forte e opera a salvação, antes mesmo que houvesse dia, Deus era e quem pode fazer alguém escapar de Sua mão, operando Deus quem impedirá.

Por isso, mesmo sendo Judá rebelde, o Senhor disse edificarei novamente a Sião, não ficará como Nabucodonosor a deixou. E disse o Senhor: confirmo a palavra do meu servo e cumpro o conselho dos meus mensageiros; que digo de Jerusalém: Ela será habitada; e das cidades de Judá: Elas serão edificadas; e quanto às suas ruínas: Eu as levantarei; que digo à profundeza das águas: Seca-te, e eu secarei os teus rios; que digo de Ciro (imagem do lado): Ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz; que digo também de Jerusalém: Será edificada; e do templo: Será fundado.

Essa profecia é de algum período entre 740 a 681 a.C e foi cumprida 515 a.C com a construção do templo, ou seja, a profecia demorou, mais ou menos, duzentos anos, mas foi cumprida. Quem poderia fazer isso? Coloquem-se as nações reunidas e digam que jamais fez isso, e qual dentro os deuses fez coisa semelhante, quem profetizou algo parecido e se cumpriu, mostrem as respostas e se verá, para que se diga: É verdade!



2. Deus é amor!


Podemos ter esperança, porque Deus é misericordioso. Diz as Sagradas Escrituras:
Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais (Jeremias 29.11).

Deus não deseja o mal. Temos esperança porque sabemos que se nós tivermos em Cristo o maligno não nos toca e que todas as coisas que acontecem com servos de Deus são para o seu próprio bem e aperfeiçoamento.

3. Jesus salva!


Jesus Cristo de Nazaré. É neste que podemos depositar nossa fé. Que presente maravilhoso Deus nos deu em Cristo Jesus!
Pela morte de Cristo, Deus reconciliava o mundo a si. Rasgava a cédula que era de alguma maneira contrária a nós, isto é, uma vez condenados pela ação do pecado e no seu vício mortal, nos não tínhamos esperança, pois uma vez mortos, não conseguiríamos nos justificar. Imagine você chegando ao céu. Com que direito você solicitaria a sua entrada naquele lugar? Com que direito você exigiria não ir ao inferno?
Os nossos pecados são o motivo de Deus não se agradar conosco. Se Deus nos deixasse entrar nos céus dessa forma, Ele seria injusto. Então estamos perdidos? Não! Gloriosamente Jesus é a resposta para nós mesmos. Uma vez que Ele morreu por nós, não precisamos mais morrer.

Se chegássemos aos céus hoje, e tivéssemos aceitado a Jesus, nós teríamos direito de entrar. Temos um grande tesouro!

Os deuses pagãos não poderiam oferecer essa gloriosa esperança, por isso, mesmo, muitos (...) deixaram os ídolos, convertendo se a Deus, para servirem o Deus vivo e verdadeiro (I Tessalonicenses 1.9) E embora que muitos já tenham proclamado o fim da religião. Ela continua com uma força arrebatadora.

No entanto, o sofrimento humano, é também e em último caso, resultado da falência das instituições que deveriam sustentá-lo, tais como a família e a Igreja. Contudo, Cristo se torna a esperança fiel. Pois Jesus promete restaurar todas as coisas por seu sangue.

Em sua missão está a de converter (...) o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais (Malaquias 4.6) E a de pôr a Igreja no seu verdadeiro caminho. Tenho, porém, contra ti (Igreja desviada do cristianismo genuíno) que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas. (Apocalipse 2.4,5) Pois nos últimos tempos Cristo pelejará contra os “fariseus cristãos” com (...) a espada de sua boca (Apocalipse 2.16), que é a sua Palavra!

A transformação em um homem em um novo homem é o ponto mais positivo do Evangelho. Pois significa o invisível sendo mostrado no visível, isto é, o Reino de Cristo descendo do céu à Terra. Deus mostra-se existente. Senão como seria possível ser transformado um homem duro de coração, insensível em um homem que joga fora toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim como toda malícia, para seguir a Cristo sendo benigno, compassivo, perdoando aos outros, como também Deus, em Cristo, o já tinha perdoado?

Cristo nos dá seu Reino aqui na Terra mesmo. Por isso podemos entender com clareza aquilo que ele mesmo diz: quem crê no Filho tem a vida eterna (João 3.36). Isso mesmo: Não terá a vida eterna, tem a vida eterna! A vida eterna ela começa na Terra. Ela não significa uma vida sem fim. Ela significa uma vida plena aqui na terra mesmo.

Certa vez os fariseus pediram a Cristo que ele mostrasse o seu reino, o questionando quando esse reino viria. A resposta de Cristo os surpreendeu sobremaneira, não esperavam ouvir essa resposta:
E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque EIS QUE O REINO DE DEUS ESTÁ ENTRE VÓS (Lucas 17.20,21).
A esperança que reside no Evangelho é inominável, simplesmente indescritível. Porém, não é essa maravilhosa riqueza, inacessível, como os grandes tesouros da Terra. Paradoxalmente o maior tesouro de todos os tempos é dado de graça. Parece estranho? Mas quem disse que Deus poderia ser compreendido? Em Cristo, Ele nos predestinou para vida. A saber, a todos os quanto o receberem deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome.

Hoje dizemos: Grande é o Senhor! Pois enquanto muitos dão a sua vida para obterem a satisfação momentânea, prazeres facilmente findos, e riquezas para a traça e o ladrão, nós temos a Cristo. O qual nos deu, na sua ressurreição, uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para os que rejeitam a futilidade do mundo e abraçam o Reino de Cristo

Nisso temos a nossa esperança, embora que hoje sejamos desprezados e ultrajados por aqueles que não alimentam a mesma fé. Contudo o valor da nossa Fé vale mais do que o ouro perecível. Pois não vendo a Cristo, acreditamos, e não vendo seu Reino, de maneira visível, mas crendo, como aquele que enxerga o que ninguém vê, nos alegramos com alegria indivisível e cheia de glória, pois iremos alcançar a Salvação (I Pedro 1.3-9)

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