Pesquisa

Lição 7ª - Assistência Social, Um Importante Negócio - PARTE 2

Toda essa tradição religiosa herdada do judaísmo foi exercitada e estimulada nos apóstolos com os ensinamentos de Cristo que sempre demonstrou sensibilidade com os mais carentes, tanto no sentido espiritual como material.


Recorrentemente ouvimos na Bíblia que Jesus se moveu de íntima compaixão para com as pessoas que se aproximavam dele. E foi para isso que mesmo que o Filho do Homem se manifestou, para que revestido de corpo humano, fosse ele perfeito mediador entre os homens e Deus, conforme está escrito:


Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida. Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão. Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados (Hebreus 2.14-18).


Nós não temos um Deus distante, que de tão transcendental não pode socorrer ao corpo, mas apenas o espírito. Ao contrário, o próprio Deus em Cristo conhece o que é a fome, o que é a dor, o que é a sede, o cansaço, a tristeza, o que é ser tentando, conhece o que significa ser pobre materialmente, por isso, disse Isaías que Ele veio consolar todos os que choram, a curar os quebrantados de coração (Isaías 61.1).


Jesus preocupava-se com as necessidades físicas das pessoas. Quando da segunda multiplicação dos pães, Jesus falou: Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanecem comigo e não têm o que comer. Se eu os despedir para suas casas, em jejum, desfalecerão pelo caminho; e alguns deles vieram de longe (Marcos 8.2-3).




Evidentemente a maior obra que uma pessoa pode fazer para o Reino dos Céus é apregoar o Evangelho de Deus, visto que o que adiantaria ao homem ser farto de tudo e não possuir necessidade material alguma e não ter a salvação de sua alma (Marcos 8.36)?  


Por isso os apóstolos disseram aos discípulos reunidos: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Não seria proveitoso de forma alguma fechar uma igreja para abrir em lugar dela uma casa de assistência social, até porque não seria necessário, visto que uma comunidade religiosa pode trabalhar com os dois sistemas ao mesmo tempo, como os apóstolos fizeram e como hoje se faz em algumas igrejas, como a Assembléia de Deus de Recife.


Os apóstolos então democraticamente propuseram a escolha de sete homens de “boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria” (Atos 6.3) para fazer parte desse serviço.


Perceba que com essas qualificações esses homens poderiam ter cargos de liderança, mas eles foram chamados para diakonia, isto é, para servir. Em nenhum momento é utilizado em Atos o termo diakonos para designar um cargo eclesiástico, não que isso seja antibiblico, diácono, já aparece como título em I Timóteo (3.8-13).


Mas é bom voltarmos ao início e aprendermos com o que a História nos tem para ensinar a fim de entendermos que Deus nos chamou para termos  responsabilidade no serviço eclesiástico, mas que esse não pode nem deve ser considerado estranho ou contradizente com o serviço social, todavia o primeiro requer o segundo.


Devemos parar de nos iludir pensando em pregar somente o céu e deixar que as pessoas morram de fome ao nosso redor, pensando agradar a Deus com uma fé morta. Isso apenas nos afasta da sociedade civil e vem reforçar a má fama de alienados que muitas comunidades cristãs possuem e com razão. Sem deixar de falar que muitos fazem realmente acepção de pessoas. Como diz o apóstolo Tiago: cristãos que honram àqueles que possuem trajes luxuosos e anéis de ouro no dedo e desprezam o pobre, sendo tomados por perversos pensamentos.


Ora, não são os próprios ricos que na sua maioria nos oprimem e nos desconsideram? Mas se fazemos acepção de pessoas somos não apenas ignorantes dignos de pesar, mas transgressores da Lei, como os homicidas e adúlteros, porque aquele que erra em um só ponto da Lei é transgressor dela em sua totalidade (Tiago 2.1-13).


Contudo, se nós evangélicos ainda não desenvolvemos uma doutrina social clara e que seja pregada freqüentemente na nossa comunidade, não é culpa da Bíblia, pois ela nos conclama a assumir a nossa responsabilidade social, não como ato meritório, mas como ato de justiça. Não devemos esquecer-nos do importante negócio é que proteger o necessitado, pois quem assim o faz o faz como se para o próprio Cristo (Mateus 25.34-40). Pois também está escrito:


E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão; recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência (Gálatas 2.9-10).


Que fique também a recomendação de Paulo, sobre as prioridades da contribuição:


Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé (Gálatas 6.10).


Deus não nos manda amar a nós mesmos. A verdadeira religião é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como amamos a nós mesmos. Amar a si mesmo é algo que naturalmente fazemos sem maiores esforços, mas se quisermos ser chamados filhos de Deus devemos entender que:


A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo (Tiago 1.27)


Comentários