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Lição 7ª - Assistência Social, Um Importante Negócio - PARTE 1

Pelo seu tamanho esse comentário foi escrito em duas partes. Essa é a primeira. A segunda está abaixo.


Quem observou o cronograma com a lista de comentaristas viu que o nome de Aguinaldo Barbosa, vice-dirigente da Escola Dominical, estava riscado e tinha escrito que ele seria substituído nessa lição por mim. Quero esclarecer que foi a pedido dele que estou fazendo esse comentário.

Aguinaldo disse que por falta de tempo hábil estaria impossibilitado de fazer esse comentário e solicitou-me que lhe substituísse. O que eu aceitei prontamente. Esperamos ansiosos para que na próximo trimestre ele volte a comentar, pois sou testemunha que ele sempre foi solícito em relação a esse blog. Vocês também. Mas vamos ao comentário!



Escrito por Ezequiel Carvalho, professor da classe dos jovens 


Não existe igreja sem problemas, sem crises, pois Deus nos salva, mas não retira-nos imediatamente do mundo e em quanto estivermos aqui estaremos sempre em combate. Em guerra contra nós mesmos, contra nossa natureza carnal que quer suplantar a espiritual, diariamente, pois bem diria Lutero: “[...] o arrependimento e o pesar, isto é, a verdadeira penitência, perdura enquanto o homem se desagradar de si mesmo, a saber, até a entrada desta para a vida eterna” (As 95 Teses, 4ª Tese).


E também em guerra contra as forças do mal que influenciam o mundo a hostilizar tudo que provém de Deus, pois disse Jesus: Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa (João 15.19-20).


Por essa razão, Paulo realiza uma analogia extremamente feliz e oportuna: Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus. E insiste na comparação: Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou. Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas (II Timóteo 2.3-5). Um soldado de Cristo não perde o foco porque (1) entende que está em guerra, (2) tem um objetivo e (3) semelhante a um atleta tem compromisso com sua ação. A Igreja nascente precisaria dessa maturidade para enfrentar as suas primeiras dificuldades.


As dificuldades estavam presentes em dois níveis, próximo do que falei acima, havia problemas de ordem interna, com alguns agindo conforme as inclinações da carne e não segundo a justiça no cuidado das viúvas, além do grave problema anterior de Ananias e Safira que influenciados pelo Mal, mentiram ao Senhor. Por fora as autoridades religiosas judaicas estavam insurgindo em forte perseguição aos cristãos com o objetivo de enfraquecer a fé de alguns, parecendo não entender que o sangue dos mártires cristãos é a semente do cristianismo, como dizia Tertuliano.


A respeito da perseguição e da morte de Estevão, o primeiro mártir, teremos tempo apropriado para discutir isso na próxima lição (Quando a Igreja de Cristo é Perseguida). Por momento trataremos acerca da contenda que houve entre “helenistas” e “hebreus”.


Os hebreus que falavam a língua aramaica tinham preconceito étnico contra os hebreus de cultura helênica (grega), as viúvas destes eram preteridas por aqueles na hora do recebimento diário de donativos, em outras palavras, os novos convertidos hebreus de fala aramaica “esqueciam” das viúvas dos outros hebreus que falavam grego, o que causou um sério desentendimento entre as duas partes, pois não ocorria o que era justo.


Poderia ser que a barreira lingüística fosse a causadora desse fato constrangedor, mas tudo leva crer que estava ocorrendo discriminação e formação de grupinhos, onde o grupo maior oprimia o grupo menor, o qual estava em rápida ascensão desde o Pentecostes.  De qualquer forma, o caso foi levado aos apóstolos para que estes tomassem algum tipo de providência urgente.


Problemas toda igreja tem, como foi dito anteriormente. Todavia a diferença reside nas atitudes tomadas pelos líderes locais que necessitam ter toda maturidade e espiritualidade possível para que a dificuldade seja sanada, a fim de que não se torne uma bola de neve, que no desfiladeiro começa pequena até se tornar uma avalanche na descida.


O ensinamento que aprendemos com os apóstolos é que eles não desprezaram a questão levantada, antes tomaram para si a responsabilidade e encararam de frente o problema.


E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio (Atos 6.2-3, ARC).


Eles poderiam dizer simplesmente: estamos pregando a Palavra do Senhor, que nos importa o vosso problema interno, as viúvas são de vocês, que vocês próprios as sustentem. Mas não era isso que eles aprenderam com as Sagradas Escrituras do Antigo Testamento e o que o próprio Cristo ensinara.


Ao contrário, a Lei de que o Senhor deu a Moisés dizia:


Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma das tuas cidades, na tua terra que o SENHOR, teu Deus, te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás as mãos a teu irmão pobre; antes, lhe abrirás de todo a mão e lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade. [...] Livremente, lhe darás, e não seja maligno o teu coração, quando lho deres; pois, por isso, te abençoará o SENHOR, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo o que empreenderes. Pois nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, eu te ordeno: livremente, abrirás a mão para o teu irmão, para o necessitado, para o pobre na tua terra (Deuteronômio 15.7-8,10-11).


Cuidar dos necessitados não é uma escolha fruto de um coração generoso somente, é uma ordem expressa de Deus: eu te ordeno. Nos livros poéticos e nos profetas essa ordenança também era destacada.


Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o SENHOR o livrará no dia do mal. O SENHOR o livrará, e o conservará em vida; será abençoado na terra [...] (Salmos 41.1-2)


Fazei justiça ao pobre e ao órfão; justificai o aflito e o necessitado. Livrai o pobre e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios. (Salmos 82.3-4).


O que tapa o ouvido ao clamor do pobre também clamará e não será ouvido (Provérbios 21.13).
   

Ouvi isto, vós que tendes gana contra o necessitado e destruís os miseráveis da terra, dizendo: Quando passará a Festa da Lua Nova, para vendermos os cereais? E o sábado, para abrirmos os celeiros de trigo, diminuindo o efa, e aumentando o siclo, e procedendo dolosamente com balanças enganadoras, para comprarmos os pobres por dinheiro e os necessitados por um par de sandálias e vendermos o refugo do trigo? Jurou o SENHOR pela glória de Jacó: Eu não me esquecerei de todas as suas obras, para sempre! Converterei as vossas festas em luto e todos os vossos cânticos em lamentações; porei pano de saco sobre todos os lombos e calva sobre toda cabeça; e farei que isso seja como luto por filho único, luto cujo fim será como dia de amarguras (Amós 8.4-7,10).


Julgou a causa do aflito e do necessitado; por isso, tudo lhe ia bem. Porventura, não é isso conhecer-me? - diz o SENHOR (Jeremias 22.16).


Por tudo isso e pela experiência traumática do cativeiro, os judeus se extremamente zelosos em cumprir suas obrigações sociais. O Dr. Lawrence Richards (em seu livro Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento, CPAD, p.262) descreve que o sistema judeu de ajuda aos necessitados consistia em dois programas, o tamhuy, também chamado de “a tigela dos pobres”, que eram refeições dadas diariamente aos desabrigados e desassistidos, e quppah, também conhecido como a “cesta dos pobres”, que era a distribuição realizada semanalmente de comidas e roupas para as famílias pobres.


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