Sinto-me muito alegre em poder escrever
um comentário no blog que ajudei a criar. E maravilhoso ver o quanto ele
cresceu (já estamos perto de passar das dez mil visualizações), glória ao nome
do Senhor. Espero que esse comentário some-se aos outros, feitos por pessoas de
extrema capacidade e até especialistas na matéria como o nosso irmão Flávio, e
possoa abençoar em nome de Cristo quem o ler.
Escrito por Ezequiel Carvalho, professor da classe dos jovens.
O Evangelho do
Reino no Império do Mal
Até hoje o Apocalipse é um livro que
desperta controversas intransponíveis entre os sinceros cristãos. É
verdadeiramente impressionante o fato de termos chegado ao terceiro milênio e
mais de duas dezenas de séculos e mesmo assim não termos uma posição
interpretativa única, ao menos próxima, daquilo que está escrito, fazendo com
que até teólogos de renome tenham se esquivado de tecer qualquer tipo de
comentário mais aprofundado sobre o assunto.
O posicionamento da revista, que também
o é da nossa igreja é aquele que mescla dispencionalismo (a história da
humanidade em dispensações distintas, história da Igreja e de Israel, como algo
diferente) com a visão futurista (os fatos descritos representam aquilo que
deve ocorrer certamente no futuro), com pré-tribulacionismo (crença de que Deus
irá buscar a sua Igreja antes da Tribulação, conforme entendimento da profecia
de Daniel, e dos 7 anos de Tribulação) e
ainda como o pré-milenismo (depois do Arrebatamento e da Tribulação,
Cristo voltará e reinará no mundo por mil anos).
Essa disposição de ideias escatológicas
não é nem de longe majoritária, como seus adeptos julgam ser, mas é a que
também me pareceu mais crível, depois da formação bíblica que tive, embora a
teologia reformada caminhe em direção bem contrária.
Pois bem, é cima disso que recai o
comentário da nossa revista: “Apesar de
sua truculência e soberba, o Anticristo não conseguirá emudecer a voz do
Evangelho nem calar a voz dos mártires. Durante a Grande Tribulação, Deus
levantará muitas vozes eloquentes e poderosas que não temerão proclamar-lhe a
Palavra”.
Como isso poderá ser possível? Por dois
modos: Pela existência eterna da Palavra de Deus escrita (a Bíblia) e pelas “duas
testemunhas”, como veremos a seguir.
A EXISTÊNCIA ETERNA DAS SAGRADAS ESCRITURAS
No princípio era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
(João 1.1).
(João 1.1).
E estava vestido de uma
veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus (Apocalipse
19.13).
Porque em verdade vos
digo que, até que o céu e a terra passem nem um jota ou um til se omitirá da
lei, sem que tudo seja cumprido (Mateus 5.18).
Sendo de novo gerados,
não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e
que permanece para sempre (I Pedro 1.23).
Temos nas Sagradas Escrituras testemunho
límpido e inequívoco de que a palavra de Deus é tão eterna quanto Ele próprio,
sendo responsável pela criação do mundo e existindo eternamente.
Tenho me posicionado fortemente
contrário à ideologia que afirma que em determinados momentos no passado (“400
anos de silêncio”, período intertestamentário) ou no futuro, Deus se negará a
falar com homem. Isso é totalmente falso e constitui-se uma aberração bíblica
de quem repete as coisas sem uma visão crítica, os “papagaios teológicos” que
lotam nossas igrejas.
A Bíblia sempre existirá. Não passa, não
é revogada, nem entra em desuso. Deus está sempre pronto a conversar com o ser
humano. Aquele
que nem mesmo o seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como
nos não dará também com ele todas as coisas? (Romanos 8.32). Deus tem preocupação com seus filhos. Foi
Ele que
nos fez, e não nós a nós mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto (Salmos 100.3). Ele sabe que sem sua
palavra estaríamos todos inapelavelmente perdidos, pois a fé vem pelo ouvir, e o ouvir a palavra
de Deus (Romanos 10.17).
O pastor Claudionor de Andrade propõe
debate interessante cotejando essa visão que temos em comum, com a passagem que
afirma que o Espírito Santo será retirado para a manifestação do Anticristo (II
Tessalonicenses 2.7).
Acredito que está claro que o texto não fala da inspiração bíblica sendo retirada no momento da Tribulação, mas apenas que Deus deixará de atuar no sentido de impedir que o Adversário impere realmente no mundo. Na manifestação daquele que operará segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, (II Tessalonicenses 2:9).
Para que ele opere é necessária à
permissão de Deus e é nesse sentido que a Bíblia fala que o Espírito será
retirado. Não que Ele realmente saia, mas que deixará de impedir a operação do Iníquo,
por tempo determinado, abreviado para o não extermínio da humanidade.
Então não existe ao certo nenhuma
contradição. Deus vela por sua palavra para a cumpri-la. Se em algum momento
Deus deixasse de falar ao homem, ou sua palavra fosse invalidada, toda a
humanidade estaria perdida.
AS
DUAS TESTEMUNHAS
As duas testemunhas são a prova que o
ministério profético existirá ainda quando houver a Tribulação. É bastante
ingênua, até mesmo pueril, a pergunta: quem serão essas duas testemunhas, ou
quem serão 144.000, assim como perguntar qual era o fruto que Adão comeu. Isso
não é tão importante como entendermos o significado do texto
As duas testemunhas falam de todos os
crentes que não tem medo de enfrentar o Império do Mal para obedecer a Bíblia.
Essas testemunhas não sabemos que são, mas sabemos que muitos já deram
testemunhas do Evangelho e ainda dão com o risco da própria vida.
O fim deste mundo está proximo. O juízo
de Deus já foi lançado na cruz do Calvário. Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o
príncipe deste mundo (João 12.31). E a condenação é esta:
Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque
as suas obras eram más (João 3.19). Assim como fizeram antes, vão festejar a
morte das testemunhas, visto que odeiam a luz, pois suas obras são trevas e não
desejam que isso seja manifestado na luz.
Mas a igreja de Cristo é triunfante. Ela
se posicionou ao lado daquele que tem poder para derrotar o Iníquo apenas com o
sopro de sua boca, pela palavra viva. A Igreja tem uma tarefa muito árdua, qual
seja, proclamar o Evangelho num mundo hostil, a Igreja é mandada aos lobos,
numa sociedade que tecnologicamente e moralmente está muito próxima de ceder ao
Anticristo, mas sabemos que pertencemos não a esse mundo, mas ao Reino de Deus,
por isso temos total ousadia para sermos testemunhas de Cristo.
Nem mesmo a morte, o diabo, poderá derrotar aqueles que estão com Cristo. Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
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