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O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra - Lição 1ª - O Ministério Profético no Antigo Testamento


Na ocasião do início da última lição eu fiz um comentário intitulado “Uma introdução aos estudos dos profetas do Antigo Testamento” (http://ebdpereira1.blogspot.com/2010/04/licoes-biblicas-jeremias-esperanca-em.html), então eu aconselho vocês a lerem (para quem não leu ainda) esse comentário. Esse que escrevi agora serviria apenas como complemento do outro, e vice-versa, porém se você estiver com pressa leia apenas esse, mas seria mais enriquecedor se você lesse os dois.


Por essa lição ser um tanto quanto conceitual eu vou me permitir ser o mais didático possível, separando o tema em três subtemas para uma melhor compreensão.



O que é um profeta no Antigo Testamento?


Profeta no sentido bíblico é todo aquele que fala em nome de Deus, é um mensageiro do Senhor na Terra, embora Deus possa se revelar pessoalmente, Ele preferiu em muitas vezes designar uma pessoa para entregar a Sua mensagem.


A forma como eles recebiam e entregavam essa mensagem não foi uniforme. Mas a mensagem era quase a mesma: de oposição ao pecado, nas suas mais diferentes formas.


A posição social dos profetas era diversa. Uns pertenciam à aristocracia, como Isaías, outros eram sacerdotes, feito Jeremias e Ezequiel, e até pastor como Amós e assim por diante.


Os profetas não eram simplesmente videntes, como pode parecer na nossa língua portuguesa. É óbvio que uma das características principais dos profetas é predizer o futuro. E nisso temos inúmeras provas da veracidade das profecias bíblicas, principalmente nos escritos messiânicos a respeito da primeira vinda de Cristo.


Mas dentro da Escrituras, o profeta é aquele que fala aquilo que conscientemente ou humanamente falando seria impossível de alguém saber. Nisso entra, evidentemente, previsões do futuro, mas também algo que está acontecendo aqui e agora e que nem ele nem os seus ouvintes poderiam saber por meios naturais, por exemplo.

Veja esse caso: o do profeta Aías:


Naquele tempo, adoeceu Abias, filho de Jeroboão. Disse este a sua mulher: Dispõe-te, agora, e disfarça-te, para que não conheçam que és mulher de Jeroboão; e vai a Siló. Eis que lá está o profeta Aías, o qual a meu respeito disse que eu seria rei sobre este povo. Leva contigo dez pães, bolos e uma botija de mel e vai ter com ele; ele te dirá o que há de suceder a este menino. A mulher de Jeroboão assim o fez; levantou-se, foi a Siló e entrou na casa de Aías; Aías já não podia ver, porque os seus olhos já se tinham escurecido, por causa da sua velhice. Porém o SENHOR disse a Aías: Eis que a mulher de Jeroboão vem consultar-te sobre seu filho, que está doente. Assim e assim lhe falarás, porque, ao entrar, fingirá ser outra. Ouvindo Aías o ruído de seus pés, quando ela entrava pela porta, disse: Entra, mulher de Jeroboão; por que finges assim? Pois estou encarregado de te dizer duras novas. Vai e dize a Jeroboão: Assim diz o SENHOR, Deus de Israel: (...)eis que trarei o mal sobre a casa de Jeroboão, e eliminarei de Jeroboão todo e qualquer do sexo masculino, tanto o escravo como o livre, e lançarei fora os descendentes da casa de Jeroboão, como se lança fora o esterco, até que, de todo, ela se acabe. (...) O SENHOR, porém, suscitará para si um rei sobre Israel, que eliminará, no seu dia, a casa de Jeroboão. Que digo eu? Há de ser já. (I Reis 14.1-14)


Perceba que o presente e o futuro estão entrelaçados, e não era para ser diferente. A profecia, quando vem da parte de Deus, tem o propósito de nos corrigir, para que o mal não nos venha e que sejamos consolados na esperança.



Existiu um ministério profético em Israel no Antigo Testamento?


Dentro da divisão política da história dos hebreus, o papel desempenhado pelos profetas é obscuro nos tempos dos Patriarcas, porém bastante nítido no período da monarquia.


A primeira vez que aparece a palavra profeta na Bíblia é em Gênesis, referindo-se a Abraão: Agora, pois, restitui a mulher ao seu marido, porque profeta é, e rogará por ti, para que vivas; porém se não lha restituíres, sabe que certamente morrerás, tu e tudo o que é teu. (Gênesis 20:7)


Então havia profetas no período patriarcal. Mas qual era o papel que Abraão desenvolvia enquanto profeta é difícil de precisar com exatidão, embora possa parecer, segundo o texto, que nesse caso “profeta” é empregado porque Abraão recebia revelações de Deus e intercedia em favor do povo.


Ao que tudo indica começa em Moisés aquilo que chamamos de ministério profético. Mas o que quer dizer “ministério profético”? Na verdade o melhor termo seria corporação dos profetas. Em História vemos que muito provavelmente havia uma classe especifica de pessoas conhecidas como “profetas”. Por exemplo: os profetas não deixavam de ser considerados “profetas” mesmo depois de avançada idade (veja o caso do “profeta velho” em I Reis), havia uma congregação de profetas presidida por Samuel, havia um conjunto de pessoas chamadas filhos dos profetas no tempo de Eliseu, talvez fossem discípulos dos profetas, mas de qualquer forma viviam juntos e Eliseu era o líder (II Reis 6.1).


Mas o que significa isso? Significaria que as profecias poderiam ser aprendidas como uma matéria particular? Que somente quem fazia parte da escola dos profetas poderia ser profeta? Não. O que se quer dizer com corporação dos profetas é que, diferente do que acontece no Novo Testamento, no Antigo Testamento uma pessoa estava comissionada exclusivamente para dar a revelação do Senhor, já que não existiam as Escrituras, com exceção da Lei de Moisés, então o que Isaías falava era Deus falando, os profetas deveriam ser consultados para se saber a vontade de Deus. Os profetas desempenhavam um ofício como os sacerdotes e os levitas, a autoridade de um profeta no Antigo Testamento é semelhante à autoridade de uma apóstolo no Novo.


Hoje não existe mais o ofício do profeta. A Revelação de Deus já foi dada e se antigamente Deus nos falava de muitas maneiras pelos profetas, hoje nos fala pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo. Nesse sentido não pode mais existir uma corporação de profetas como aconteceu no Novo Testamento. Mas entraremos mais profundamente nessa questão em outras lições.


Para além dessa corporação dos profetas. Devemos analisar o profetismo, movimento profético iniciado por Amós no século VII a.C e que vai até Malaquias no século V a.C. O profetismo foi uma luta em prol da obediência irrestrita da lei mosaica, assim como do monoteísmo hebreu e de justiça social. E não precisa ser expert em História hebraica para entender a repercussão desse movimento tanto no pós-exílio como na própria construção cultural da nação judaica.



Como classificar os profetas?


ver: http://ebdpereira1.blogspot.com/2010/04/licoes-biblicas-jeremias-esperanca-em.html

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