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Sobre a escolha do tema: "ATOS DOS APÓSTOLOS: Até aos confins da terra"



Há uma tendência de que com o avançar dos anos nos tornemos mais sábios, Moisés até mesmo disse: [Senhor] Ensina-nos a contar nossos dias, para que alcancemos coração sábio (Salmo 90.12). Nesse sentido a Assembléia de Deus no Brasil, que completa 100 anos em 2011, tem a oportunidade única e rica de se reavaliar, olhar o que já passou e o que aprendeu para projetar os próximos anos que virão.



É preciso reconhecer a ousadia da Assembléia de Deus a propor o estudo nas Escolas Dominicais de todo o território nacional de Atos dos Apóstolos e da fundação da Igreja Primitiva, da qual as comparações serão inevitáveis.


Tem a Assembléia de Deus o que temer com essas comparações? Permita-me refazer essa pergunta ampliando-a: tem o Movimento Pentecostal o que temer com essas comparações? Aparentemente não.




O Movimento Pentecostal foi o principal responsável pela reforma mais significativa no cristianismo desde o avivamento evangélico inglês com John Wesley e George Whitefield, no século XVIII. E digo ousadamente: se o Concílio de Nicéia reconheceu a natureza divina de Cristo, o Movimento Pentecostal reconheceu e propagou a obra do Espírito Santo (a atualidade e a necessidade dos dons espirituais).


O Movimento Pentecostal contribuiu muito na volta do tema “escatologia”, que os reformadores como Calvino não tratavam como assunto principal. Também pode se creditar ao Movimento Pentecostal, da qual a Assembléia de Deus faz parte, a reviravolta da religião sobre ceticismo filosófico e o cientificismo dos séculos XVIII e XIX pelo fundamentalismo bíblico. Os que antes previam o fim da religião e especificamente do cristianismo, hoje se deparam com a expansão avassaladora da Igreja cristã.


E se fomos comparar a quantidade de conversos, penso que a Assembléia no Brasil já superou o número de convertido pelos apóstolos. A Assembléia tem o que comemorar: hoje ela é a maior igreja evangélica do Brasil, de cada três evangélicos brasileiros, pelo menos um é “assembleiano”.


Mas nem tudo é festa. O Movimento Pentecostal brasileiro hoje precisa reconhecer suas limitações, como a incapacidade de influenciar a sociedade a sociedade brasileira, apresentado uma contracultura.


Ao contrário dos reformadores do tempo de Lutero e Calvino e das igrejas reformadas atuais, as igrejas pentecostais brasileiras não conseguem ampliar o pensamento para interagir com a sociedade e a cultura de maneira aberta, é o que Ronaldo Cavalcante em se recente livro (A Cidade e o Gueto, Editora Fonte Editorial, 2010) chamou de “cristianismo cativo”, uma fuga do pensamento protestante para o pensamento evangélico que tem medo e vergonha de dialogar com os diversos setores da sociedade.


Para que não me entendam mal, eu não estou advogando o ecumenismo que destrói os nossos valores nem a libertinagem, mas que a igreja Pentecostal se lembre que o seu compromisso evangelístico requer não um fundamentalismo alienante e vazio, mas uma apologética firme e poderosa para uma participação cultural que mostre que Cristo tem a resposta perfeita para todos os nossos anseios sejam eles físicos ou intelectuais.


Charles Colson e Nancy Pearcey deixam isso muito claro em seu livro “E agora, como viveremos?” (CPAD, 2000):


Se a Igreja se fechar em si mesma, se nos concentrarmos apenas em nossas próprias necessidades, perderemos a oportunidade de prover respostas num tempo em que as pessoas estão sentido profundo anseio por sentido e ordem. Não é suficiente focar somente no espiritual, em estudos bíblicos e campanhas evangelísticas, enquanto fechamos os olhos para as tensões distintivas da vida contemporânea. Devemos mostrar ao mundo que o Cristianismo é mais do que uma crença particular, mais do que salvação pessoal. Devemos mostrar que ele é um sistema de vida compreensível que responde às perguntas mais antigas da humanidade: De onde eu vim? Por que estou aqui? Para onde estou indo? A vida tem algum significado e propósito? (...) Somente quando enxergamos isso [que o Cristianismo é uma estrutura compreensível e que estamos vivendo hoje uma guerra de princípios] é que poderemos evangelizar uma cultura pós-cristã, trazendo a retidão de Deus para ser vivida no mundo à nossa volta (COLSON, Charles e PEARCEY, Nancy. E agora, como viveremos? Rio de Janeiro, CPAD, 2000, pp. 12-13)

O movimento neopentencostal nasce dessa tentativa de reaver o contato da igreja evangélica com o meio social e cultural. Contudo, em muitos casos essas igrejas nasceram sem critério e desvirtuaram da sã doutrina, mas são amostras que algo precisa mudar no meio pentencostal.


Ao que parece, pelo menos, pelo subtítulo dessa edição (“Até os confins da terra”), a CPAD reconhece isso Em nenhum momento da História da Igreja estudar Atos dos Apóstolos foi tão relevante. Em momentos de novidades como o estamos vivendo precisamos lembrar o que Cristo falou:


E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane; Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos (Mateus 24.4-5)


E o apóstolo Pedro: Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações (I Pedro 4.7)


Voltar as nossas origens permite entendermos o que somos, se erramos e como seguir para o alvo. Parabéns CPAD, Atos foi um acerto histórico!
      

Sobre o comentarista, o pastor e teólogo Claudinior de Andrade, ele dispensa comentários. Ótima escolha. 










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