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Lição 11ª - O Primeiro Concílio da Igreja de Cristo - PARTE 3



IV.                    O CONCÍLIO E O SEU PROCESSO


Desde Pedro os apóstolos já estavam certos que a salvação também havia sido dada aos gentios sem necessidade da conversão ao judaísmo. Não vamos repetir o que foi dito na última lição, mas é bom que seja colocada aquilo que Pedro observou:


E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio. E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João certamente batizou com água; mas vós sereis batizados com o Espírito Santo. Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para que pudesse resistir a Deus? E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida (Atos 11.15-18).


Ora se Deus havia dado o Espírito Santo aos gentios como, pois, observou Pedro, poderíamos, lutando contra Deus, negá-los a comunhão?


Paulo ainda mais consciente teologicamente, decidiu, depois de muitas tentativas não proveitosas de pregar aos judeus, assumir sua missão de evangelizar os gentios, foi quando se deparou com a forte oposição dos judaizantes os quais estavam distorcendo as suas palavras na igreja em Antioquia. Era indispensável naquele momento uma posição oficial da Igreja de Cristo representada pelo corpo dos apóstolos.


Tendo tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda contra eles, resolveu-se que Paulo e Barnabé, e alguns dentre eles, subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, sobre aquela questão (Atos 15.2)


Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto (Atos 15.6)


É interessante notarmos como a Igreja Primitiva era madura, nada se fazia por decisão própria, a instituição do “concílio” revela-nos que as decisões eclesiásticas não podem ser tomadas individualizando o poder nem de uma hora para outra.


Perceba-se: não estou querendo destruir o princípio de autoridade espiritual, apenas quero lembrar que as tomadas de decisão ou posição não podem ser tomadas pela carne, com sentimentos de orgulho ou soberba. Pois o que disse o homem mais sábio do mundo?


Confia no SENHOR de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao SENHOR e aparta-te do mal (Provérbios 3.5-7)


Naquele dia a decisão veio do Senhor. Muitas vezes pensamos que estamos agindo de forma correta quando nós guiamos pelo nosso próprio coração ou mente e mais na frente vemos que estávamos errados, pois nada do que planejamos deu certo. Não é assim, porém, quem entrega os seus caminhos ao Senhor, será antes como o monte de Sião, que jamais se abala, permanece para sempre.


Sobre a presidência do Concílio, discordo de Claudinior de Andrade quando este afirma que foi o apóstolo Pedro quem presidiu esse primeiro concílio, se lermos nas entrelinhas veremos que as palavras de Tiago soam com maior autoridade (ver Atos 15.19).


Tiago presidiu o Concílio e se formou um grande debate a respeito do tema. Porém, Pedro ousado como sempre, tomando a palavra começou a falar de sua experiência na casa de Cornélio e observou que era desnecessário retroceder à Lei, visto que nem os próprios judeus puderam cumpri-la cabalmente:


Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? (Atos 15.10)


Era como se Pedro se lembrasse das palavras de Jesus aos antigos fariseus que agora queriam espreitar a liberdade dos novos conversos, pois Jesus também havia dito:


Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los (...) (Mateus 23.2-4)


Tiago, após as considerações de Pedro, retoma a palavra e, conforme as Escrituras, formula uma decisão a ser voltada. A mesma é aceita sobre a seguinte redação:



"OS APÓSTOLOS, E OS ANCIÃOS E OS IRMÃOS, AOS IRMÃOS DENTRE OS GENTIOS QUE ESTÃO EM ANTIOQUIA, E SÍRIA E CILÍCIA, SAÚDE.

PARECEU-NOS BEM, REUNIDOS CONCORDEMENTE, ELEGER ALGUNS HOMENS E ENVIÁ-LOS COM OS NOSSOS AMADOS BARNABÉ E PAULO, PORQUANTO OUVIMOS QUE ALGUNS QUE SAÍRAM DENTRE NÓS VOS PERTURBARAM COM PALAVRAS, E TRANSTORNARAM AS VOSSAS ALMAS, DIZENDO QUE DEVEIS CIRCUNCIDAR-VOS E GUARDAR A LEI, NÃO LHES TENDO NÓS DADO MANDAMENTO, PARECEU-NOS BEM, REUNIDOS CONCORDEMENTE, ELEGER ALGUNS HOMENS E ENVIÁ-LOS COM OS NOSSOS AMADOS BARNABÉ E PAULO, HOMENS QUE JÁ EXPUSERAM AS SUAS VIDAS PELO NOME DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.

ENVIAMOS, PORTANTO, JUDAS E SILAS, OS QUAIS POR PALAVRA VOS ANUNCIARÃO TAMBÉM AS MESMAS COISAS. NA VERDADE PARECEU BEM AO ESPÍRITO SANTO E A NÓS, NÃO VOS IMPOR MAIS ENCARGO ALGUM, SENÃO ESTAS COISAS NECESSÁRIAS: QUE VOS ABSTENHAIS DAS COISAS SACRIFICADAS AOS ÍDOLOS, E DO SANGUE, E DA CARNE SUFOCADA, E DA PROSTITUIÇÃO, DAS QUAIS COISAS BEM FAZEIS SE VOS GUARDARDES. BEM VOS VÁ"

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