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Sobre a escolha do tema: MOVIMENTO PENTECOSTAL: As doutrinas da nossa fé



A segunda metade do século XIX viu a teologia reformada ruir, como diria o historiador Earle E. Cairns, perto do ano de 1914 o pensamento evangélico reformado havia sido despedaçado graças à teologia liberal.


Para quem nunca ouviu o termo “teologia liberal” aqui vai uma definição curta, a teologia liberal é, grosso modo, o pensamento teológico que não acredita que a Bíblia seja a inequívoca Palavra de Deus, que não acredita no pecado original, que não crê no exclusivo poder transformador da fé, ou seja, acreditam no potencial humano para salvar a si próprio e que poder punitivo e disciplinador de Deus não existem. 


Essa linha de pensamento foi importada da Europa, principalmente da Escócia e Alemanha, resultado do pensamento filosófico de Kant e depois reformulada pela influência do existencialismo de Nietzsche, que era ateu, e de Sören Kierkegaard.


Seja como for o Movimento Pentecostal se colocou frontalmente contra esse raciocínio. E aproveito nesse momento para desculpar-me se eu precisei trazer o Movimento Pentecostal, nessa parte do texto, carregado nos braços pelo argumento histórico e não entusiasmadamente pela teologia como fez a nossa revista.


Mas há de se convir que tratar o Movimento Pentecostal historicamente em nada desmerece os argumentos teológicos favoráveis a ele. Apenas é bom situar que esse movimento foi importante em dado momento histórico crítico para igreja e que ele se beneficiou com o descrédito que a teologia liberal enfrentou após as duas grandes guerras mundiais mostrarem que o homem está mais próximo da depravação total, como diria Calvino, do que progresso e salvação particular.


Para quem ainda é simpatizante e ver muitas virtudes na Reforma Protestante e sua teologia, como eu, elogiar o Movimento Petencostal é muito mais fácil do que se voltar para essas teologias deístas que desprezam a Bíblia e fazem pouco caso do poder regenerador e milagroso do Espírito Santo. Há, porém, quem discorde de mim. Vejo alguns adeptos da teologia reformada se voltando para essas novas teologias de forma irrefletida apenas porque parecem ser mais atraentes intelectualmente falando. São os modernos saduceus.


Há evidentemente alguns exageros nas igrejas ditas petencostais, mas também existe muita vontade de se acertar. Perceba os adjetivos usados nas lições dessa revista: “pureza”, “genuíno”, “autenticamente”. O que eu nunca irei concordar é com teologias que possuem a premissa de que a Bíblia tem inspiração humana e apenas um pouco da Palavra de Deus. Jamais. Mas voltemos para as Assembléias de Deus que está fazendo 100 anos.


Curiosamente a CPAD deixou de falar da história das Assembléias e vai comemorar esse centenário falando do Pentecostalismo. Talvez esse fato seja explicado porque se fosse contada a história das Assembléias de Deus no decorrer desses 100 anos poderia ser dada preferência a um ministério em particular, o que seria meio desagradável, visto que a CPAD é um órgão da CGADB e não de um ministério especifico.


Que seja, não faz mal, o Pentecostalismo nos une. E quero encerrar esse comentário falando isso. Não devemos – falo principalmente aos professores que estão lendo esse comentário – ser instrumentos de divisão e sectarismo. Não sei que vontade é essa que algumas pessoas têm de achar qualquer coisa para considerarem-se superiores. Quando não tem nada para mostrar-se, enchem o peito e gritam: eu sou pentecostal, do fogo e vou para um céu de fogo, e o resto é incrédulo!


Que fique o conselho de Paulo:

Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um. (...) Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros (Romanos 12.3,10).


Espero que quando estudarmos essa revista nós possamos ser estimulados a buscar mais o Espírito Santo de Deus com temor e reverência, a estudar e acreditar com fé genuína na Bíblia como a única fonte inequívoca da voz de Deus nos nossos corações e que sejamos verdadeiramente instigados e comprometidos com a expansão do Reino dos Céus. Sem polêmicas bobas, que nada acrescentam àqueles que as buscam, mas que amemos sem hipocrisia um aos outros, como Cristo nos amou. 


O tema foi apropriado, mas penso que colocará alguns professores em uma situação delicada. Será exigido deles atenção redobrada para que não sejam repetitivos e que evitem debates teológicos infrutíferos. Cabe a cada professor fazer com que o tema seja edificante aos alunos, com muitas orações ao Senhor para que tome conta de sua classe. Elienai Cabral foi uma ótima escolha, a CPAD tem do que se orgulhar, ele comentou uma revista com tema parecido em 1994. Aliás, o tema dessa revista é quase idêntico a do 3º trimestre de 2006, quando se comemorou o centenário do Movimento Pentecostal.


Faça-se justiça e cometemos da bela contracapa da nossa revista e do fato que desde 1997 não havia dois comentaristas para mesma revista, a 10 lição é comentada pelo pastor Isael de Araújo, pesquisador da História das Assembléias de Deus e do Movimento Pentecostal aqui no Brasil.   




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