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Lição 10ª - Assembleia de Deus – 100 Anos de Pentecostes - 1ª PARTE




ATENÇÃO: ESSE COMENTÁRIO FOI ESCRITO EM QUATRO PARTES. ESSE É APENAS A PRIMEIRA PARTE. O RESTANTE DO COMENTÁRIO SEGUE-SE ABAIXO




INTRODUÇÃO


Peço humildemente desculpas a todos que esperaram esse comentário para o meio da semana para ler com calma e refletir naquilo que está escrito. Desejo que vocês sejam indulgentes comigo. Eu tive que entregar ao colégio que dou aula nove provas feitas por mim, o que me custou todo o tempo que tinha para postar.


Quero que vocês saibam também que eu não tenho maior facilidade para escrever do que os meus pares; além do mais esse texto passou por várias revisões antes de ser postado. Eu quis ser deliberadamente equilibrado e isso é um trabalho muito difícil para uma pessoa que tem que escrever uma História da qual ele mesmo participa e tenho opinião formada.


Do mais me sinto muito honrado, em sendo um historiador, contar a História dos cem anos da igreja a qual eu faço parte e nutro forte carinho.


O texto que se segue abaixo não pretende contar toda a História dos cem anos da Igreja. Primeiro porque não é a intenção da Lição que isso aconteça – ela apenas relata e prende-se ao início, quando todas as Assembleias de Deus eram apenas a Assembleia de Deus de Daniel Berg e Gunnar Vingren – e segundo, é impossível mesmo que queiramos contar toda a História de qualquer coisa.


Esse comentário inicia-se com uma rápida explanação teórica do “valor da História da Igreja”, depois é comentado a origem da chamada de Berg e Vingren para o Brasil, a inauguração da igreja em nosso estado e por último, contudo, não menos importante, uma reflexão sobre os desafios de nossa denominação no nascer de um novo século.



O valor da História da Igreja






O título dessa primeira parte é por coincidência o mesmo usado pelo historiador cristão Earle. C. Cairns. Ele comenta o substantivo alemão “Geschichte”, que descreve o termo história, no sentido do evento, do acontecimento. A história é antes de tudo um relato de certo acontecimento, nesse sentido o fato é algo amoral, acidental, não pode ser repetido, pois está preso a determinado espaço e tempo.


No entanto, a história também possui o seu termo grego, “historia” (de onde vem a palavra usada no português). Nesse sentido ela assume o sentido de investigação. Quem pesquisa o passado vai até ele atrás de alguma resposta, procurar algo. A palavra grega aparece na Bíblia quando Paulo relata que foi à Jerusalém procurar Pedro (Gálatas 1.18). O historiador então é um pesquisador, é alguém que vai ao passado motivado ao encontrar uma peça de um quebra-cabeça.


Por último, a história também pode ser entendida como uma fonte de explicação do nosso presente. Nesse caso lançamos mão de outro termo grego: historikos, algo próximo de interpretação. Se o geschichte alemão é o fato, historikos grego é o produto. Um é o algo objetivo: a fonte; o outro é o que fazemos dessa fonte: o algo subjetivo.      


            A Carta de Campinas entende esses três princípios ao afirmar que:


A história demonstra que nossa trajetória acontece dentro de um contexto. Portanto, faz-se necessário conhecer a igreja em suas várias manifestações ou periodizações. Isso significa que se deve analisar o que a igreja produziu de acordo com sua relação com a Igreja Primitiva e quando essa igreja moderna afastou-se desse modelo”.


Há dois equívocos, a meu ver, quando se tenta escrever a História da Igreja. O primeiro é escrever uma história teologizada demais, em que é tentado incansavelmente mostrar a ação de Deus em todos os lances históricos, algo totalmente subjetivo. Ora, os desígnios de Deus nem sempre são executados pela vontade humana, pois se assim fosse não existiria a escolha moral a que todos os homens estão sujeitos. Dessa forma com que base Deus julgaria o homem, se ele não pôde ter direito a escolha? A pregação do Evangelho seria inútil.


O outro erro está no esquecimento da providência divina, fazendo-se uma história materialista, atéia ou mesmo humanista – o que não seria de todo mal para os arminianos de plantão, no entanto, mesmo esses traem os seus “preceitos não intervencionistas” para ver como “Deus agiu no passado” em favor de sua Igreja. Pois, queiram os homens ou não, conduzirá a história até que Sua vontade se cumpra totalmente.


Penso que o padrão mais perfeito para escrita da História seja a Bíblia Sagrada. Não estou dizendo que a Bíblia tem esse objetivo, mas que de Gênesis a Apocalipse nos é contado como Deus, mesmo nós estando afastados dEle, procurou-nos e desejou participar da nossa vida para que pudéssemos também participar da natureza divina (Queda, Salvação e Redenção). Ou seja, vontade humana e divina, juntas no mesmo livro, que não obstante, aponta para a completa soberania divina, para a onipotência de Deus.


Acredito firmemente que quando estudamos a História ela pode nos ensinar muitas coisas ou nos levar à duvida, que é o princípio para se ter certeza. Que possamos não desprezar esse momento único.




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