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Lição 12ª - Conservando a Pureza da Doutrina Pentecostal



ATENÇÃO!


Novamente por motivos pessoais o irmão Manassés Almeida não fará o comentário [dessa lição]. Peço desculpas a todos os leitores por isso, mas eu só soube desse fato na noite de ontem.


Para não ficar o espaço vazio dessa lição, eu escrevi um breve comentário substitutivo.




Escrito por Ezequiel Carvalho, professor da classe dos jovens



E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.

E o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas, e os bens toma para ti. Abrão, porém, disse ao rei de Sodoma: Levantei minha mão ao SENHOR, o Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra, jurando que desde um fio até à correia de um sapato, não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu; para que não digas: Eu enriqueci a Abrão; Salvo tão-somente o que os jovens comeram, e a parte que toca aos homens que comigo foram, Aner, Escol e Manre; estes que tomem a sua parte (Gênesis 14.18-24)


Nesse trecho de Gênesis – que para muitos, quando visto superficialmente, pode parecer uma passagem acidental – três importantes pessoas encontram-se depois de uma guerra e nos proporcionam um momento de reflexão teológica relevante. Essas três pessoas são Abraão, o “pai da fé” [ainda chamado nesse texto de “Abrão”], o rei de Salém, Melquisedeque, e o rei da ímpia Sodoma, cujo nome não nos é informado.


Abraão havia demonstrado um cuidado especial a Ló, seu sobrinho, e uma coragem digna de um herói da fé, ao desafiar o poder do rei Quedorlaomer, que tinha vencido gigantes e se aliado a outros três reinos, para defender seu parente, que havia preferido viver em Sodoma.


Depois de uma vitória improvável, Abraão encontra-se com dois reis e mostra novamente o valor da sua fé. Poderia ele vangloriar-se dos seus feitos militares e ter aceitado o acordo com o rei de Sodoma para um enriquecimento fácil. Não seria justo Abraão tirar proveito de sua vitória?


Mas não foi isso que aconteceu. Abraão decidiu adorar ao Senhor e reconhecer a ajuda indispensável das mãos de Deus. O patriarca foi o primeiro homem mencionado na Bíblia a entregar o dízimo, pactuando com o rei de Salém, reconhecendo nele um sacerdote do Deus Altíssimo (cf. Salmos 110.4 e Hebreus 4.14 – 5.10).


Com o centenário das Assembleias de Deus, o movimento pentecostal brasileiro completa cem anos, porém o desafio de manter a pureza em questões de doutrina e teologia bíblica permanece inalterado, ou para sermos mais verdadeiros, está cada vez mais necessário.


Sem um aprofundamento bíblico e seduzidos por uma fé de uma caráter menos formal, mística e imediatista, os brasileiros estão cada vez mais propensos a abraçar o multifacetado movimento pentecostal, que há muito se distanciou dos antepassados históricos. Os pentecostais já são 17% da população brasileira.


E quero enfatizar esse ponto, o pentecostalismo perpetrado hoje em boa parte das igrejas adeptas do movimento, é demasiadamente diferente da forma com que era praticado pelo petencostais como Daniel Berg e Gunnar Vingren há uns cem anos atrás. Hoje o movimento saiu de controle e não é de se espantar que vemos a nossa revista insistir nos termos “genuíno”, “autêntico”, “puro”, para distinguir os variados aspectos que o pentecostalismo brasileiro adquiriu com o passar dos anos.


Mas a grande e sincera questão é como colocar limites bíblicos em um movimento que apoderou de uma visão espiritualista, onde para alguns “tudo é permitido”, e em que qualquer aproximação com uma organização litúrgica mais delineada e com um estudo sistemático da Bíblia e da teologia é tida como sinônimo, respectivamente, de formalismo e intelectualismo infrutíferos?


Primeiro, o apóstolo Paulo deixa bem claro:


Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor (I Coríntios 14.37).


Deus não contraria a si mesmo, as palavras que Ele nos deixou são espírito e vida (João 6.63). Nenhuma profecia tem o mesmo valor da Bíblia. Eu novamente quero ser firme no meu posicionamento: não acredito em profeta que não lê a Bíblia.


Deus pode usar quem Ele quer na hora que Ele bem entender. Mas qualquer igreja que coloca alguém como que para ter autoridade e esse alguém não possui conhecimento bíblico, os líderes que empossaram tal pessoa cometeram grave erro e prestaram forte desserviço ao Reino de Deus. Pois é necessário que aquele que preside, ensina ou exorta, o faça com base na Bíblia.


Jamais haverá pureza doutrinária enquanto não houver uma “ditadura da Bíblia”. Foi assim que clamaram na Reforma Protestante: Sola Scriptura (frase em latim que significa: Somente a Escritura). Somente ler a Bíblia é suficiente? Seria inocência nossa pensar assim. Quantos há que lendo a Bíblia nunca creram nela, ou a lendo depois apostataram. Por isso que precisamos colocar do lado da leitura obrigatória da Bíblia dois outros fundamentos cristãos indispensáveis: a fé e a glorificação exclusiva a Deus.


A fé deve ser entendida como o caminho que leva o homem a reconhecer a Cristo e à sua necessidade dele. Pois se diz:


E Jesus, respondendo, disse-lhes: Porventura não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus? (Marcos 12.24)


Lendo a Bíblia sabemos das Escrituras e pela fé, do poder de Deus.


Também, penso que o maior desafio de todos os tempos para igreja de Cristo seja o de glorificar única e exclusivamente a Ele como fez João Batista: É necessário que ele cresça e que eu diminua (João 3.30). Perceba que João não disse “é bom”, “seria legal” “talvez seja algum dia preciso”, mas: “é necessário”. Pois, quem fala de si mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça (João 7.18).


Abraão, como foi visto no caso acima, mostrou-se consciente de que tudo aquilo que havia recebido vinha de Deus, por isso lhe deu glória e O adorou. Dar glória a Deus não é um ato mecânico de repetir palavras por estímulos emocionais, mas o ato que revela a noção exata de nossa relação diante do Deus todo poderoso.


Preservar a pureza da doutrina – seja lá qual nome que se dê, pentecostal, no caso, ou doutrina bíblica, num sentido mais amplo – significa estudar mais a Bíblia, ter uma fé poderosa em Deus e lembrar-se que a única razão para existirmos é a de glorificar o nome do Senhor. Soli Deo gloria (Somente a Deus a glória). Se desde o princípio tomássemos esses três pontos como se fossem o algo mais importante das nossas vidas, com certeza absoluta não teríamos tantas falsas igrejas e falsas doutrinas por aí. Manteríamos a pureza da doutrina apostólica.
  





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