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Lição 10ª - Assembleia de Deus – 100 Anos de Pentecostes - 2ª PARTE


Daniel Berg e Gunnar Vingren


O nosso irmão Gilvan já citou na lição passada sobre os avivamentos que ocorreram na segunda metade do século 19 e início do século 20. Eu também já havia feito um comentário sobre minha interpretação histórica desse momento. Muitas vezes nos prendemos aos fatos ligados ao avivamento ocorrido na Rua Azusa (LA, Califórnia, EUA, em 1906) e esquecemos que, embora importante, visto que foi o centro irradiador do Movimento Pentencostal, esse acontecimento representa apenas mais um do vários que estavam sucedendo-se na Europa e principalmente nos EUA.


O escritor, jornalista e historiador Emílio Conde cita os avivamentos de 1854, na Suécia, de 1858 no estado do Novo México, nos EUA, e os avivamentos seguidos ainda nos Estados Unidos em diferentes lugares:


Na cidade de Moorehead (Minnesota, Meio-Oeste dos Estados Unidos, mais ao norte do país), em 1892.

Na cidade de Galena (Kansas, Meio-Oeste dos Estados Unidos), em 1903.

Na cidade de Orchard (Nebraska, Meio-Oeste dos Estados Unidos), em 1904.

Na cidade de Houston (Texas, Sul dos Estados Unidos, a quarta maior cidade e uma das mais religiosas), em 1905.


Podemos então perceber que com exceção do Nordeste norte-americano (a região mais desenvolvida economicamente daquele país), todas as regiões dos EUA foram alcançadas por esse Movimento. Culminado com o estado da Califórnia, do lado dos estados do Pacífico, onde ocorreu o mais notável avivamento, da qual as Assembleias de Deus julgam descender.


O dito avivamento da Rua Azusa realizou-se em um edifício onde funcionava um antigo armazém de cereais. Lá aconteciam reuniões lideradas pelo pastor William Joseph Seymour. Seymour era um descendente de escravos católicos, nascido no estado Louisiana; ele havia se convertido em uma igreja batista e conheceu a doutrina pentecostal na Housten, com o famoso pastor Charles F. Paham (foto abaixo), onde ocorreu – como dito acima – um dos famosos avivamentos de início de século.




O que sucedia nesse lugar (Rua Azusa) espantou, sem exagero, o país inteiro. Muitos vinham de longe para saber o que estava ocorrendo ali. E quando saiu na imprensa dita secular, atraiu milhares de pessoas.


E como diferenciava esse movimento daquele tipo de protestantismo de universidade! O espírito evangelístico daqueles crentes fez com que muitos fossem anunciar essa nova forma de cultuar a Deus em outros lugares, em centros urbanos como a cidade internacionalmente famosa de Chicago.


Como havia acontecido em Los Angeles, os moradores de Chicago estavam chocados com tudo aquilo que presenciavam. Mas o que eles estavam presenciando?


Os relatos divergem e dependem de que lado você estava, dentro da casa, vendo entusiasmadamente o pastor Seymour pregar, ou do lado de fora, descrente em tudo aquilo que estava vendo. O primeiro grupo dizia que tudo aquilo era Deus operando de uma distinta (renovada) forma daquilo que Ele já havia feito antes. Mas perceba a descrição do Los Angeles Times, um dos principais jornais do país, sobre aquilo que os jornalistas estavam presenciando:


As reuniões se realizam num barraco condenado na rua Azusa, e os partidários desta estranha doutrina praticam os mais fanáticos ritos, pregam as teorias mais loucas e eles mesmos funcionam num estado de louca excitação em seu zelo peculiar. Gente de cor e uns quantos brancos compõem a congregação, e a noite se torna horrorosa no bairro por causa dos uivos dos fiéis, que passam horas se balançando para frente e para trás numa exasperante atitude de oração e súplica. Eles dizem ter o "dom de línguas" e ser capazes de entender este babel.


Antes que aconteça algum mal entendido, quero dizer que eu citei esse texto apenas para demonstrar como o Movimento iniciado na Rua Azusa chocou a sociedade daquela época.


No entanto, observe que o pentecostalismo não iniciou com Seymour. Ele não foi o primeiro, o último, talvez nem o mais famoso. Pessoas, como a do controverso pastor Charles F. Paham, são tidas como iniciadoras teóricas do movimento. A ligação com a figura do pastor Seymour que as Assembleias de Deus no Brasil possuem tem mais a ver com aquilo que aconteceu em Chicago do que em aquilo que aconteceu em Los Angeles. Mas o que aconteceu em Chicago?


Gunnar Vingren nasceu na Suécia em 1879, numa família batista. Aos 23 anos de idade foi para os Estados Unidos, onde se formou em teologia e tornou-se pastor na cidade de South Bend, no estado de Indiana. Ao saber daquilo que estava acontecendo no estado vizinho (Illinois), o pastor batista pôde então acompanhar a operação do poder de Deus. Foi batizado com Espírito Santo em 1909. Nessa mesma cidade (Chicago) ele conheceu outro sueco, esse mais novo do que ele cinco anos, Daniel Berg.




Daniel Berg (foto abaixo) não tinha formação teológica e ao contrário de Gunnar Vingren, ele conheceu a doutrina pentecostal na Suécia, embora também tenha sido batizado em Chicago, com a pregação do grupo vindo do Movimento da Rua Azusa. É apenas por esse motivo, e não por outros, que o Movimento da Rua Azusa faz sentido à História das Assembleias de Deus.



Em Chicago os dois suecos tornaram-se grandes amigos. No ano seguinte Daniel Berg foi visitar Gunnar Vingren em Indiana. Em determinado culto (em casa de um irmão), Deus teria tomado um profeta (o irmão Uldin) em línguas estranhas e na profecia dada aos dois estava sendo ordenado que eles fossem pregar o Evangelho no Pará. Eles não sabiam que terra era essa. Mas depois de procurarem intensamente em uma biblioteca, no mapa encontram: o extremo norte do Brasil.


Sem pensar duas vezes foram ao Pará, sem saber falar o português, sem nenhum conhecido em terras brasileiras, sem nenhum recurso financeiro para empreenderem viagem tão longa e nem para se manterem em país estrangeiro. Mesmo assim não desanimaram.



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